João Pelizari criou a 'nave' que chama a atenção dos moradores da cidade.
'Foi um trabalho que a gente fez com paciência. Demorou meses', contou.
Do G1 SP, com informações do Fantástico
A reportagem do Fantástico desvendou um mistério que tem atraído a atenção dos moradores de Embu das Artes, na Grande São Paulo, nos últimos dias. Afinal, aconteceu de novo e fez todo mundo olhar para cima.
“Ele sempre fica beirando as casas. O negocio até arrepia”, comentou o estudante João Pedro da Silva. Foi quarta-feira passada (3), 11 dias depois da primeira aparição em Embu. Daquela vez – e nessa agora – ficou todo mundo meio assustado. “Eu tenho medo desses negócios. Daqui a pouco, vou até para casa”, afirmou a estudante Regiane Ramalho.
“A cidade acaba ficando mais famosa. Isso é bacana, traz mais turistas. A cidade já é turística e vai melhorar”, defendeu o engenheiro André Andrade Santos.
E como seria o piloto da nave? “Que nem o filme MIB, os homens de preto”, apostou a auxiliar de administração Tamires Souza Lima. “Deve ter uma mega cabeça. Os braços fininhos, com dedinhos. Deve ser muito feio”, brincou o estudante Ivan Robson Diogo.
A reportagem do Fantástico encontrou o criador da nave. De extraterrestre, ele não tem nada. O mecânico João Pelizari, 42, mora em Embu das Artes mesmo. É casado e tem dois filhos.
“Os amigos sabiam e sempre viam, comentavam com as crianças. Elas falavam: ‘Olha, eu vi seu disco voador. Esse cara deve ser algum ET’”, contou o mecânico.
Há três anos, João sofre de dores na coluna. Parou de trabalhar e vive com dinheiro do auxílio-doença do INSS. “Quem sempre trabalhou e gosta de trabalhar sente falta. Eu acho que a gente tem que estar fazendo alguma coisinha, tudo na medida do possível”, diz o mecânico João Pelizari.
João é muito talentoso. Coisa de outro mundo, dizem parentes e amigos. “É 100% ele”, disse o pai, orgulhoso do filho. Mas o que o mecânico gosta mesmo é inventar coisas, de preferência que voam. Quando João tinha 7 anos se encantou com os mistérios de um simples aviãozinho de papel.
“Desdobrei várias vezes até eu aprender a fazer. Ele atravessou um campo de futebol, isso abriu minha cabeça. Falei: ‘Nossa, que maravilha’. Estou voando até hoje”, contou.
Todo mundo está curioso para saber de onde surgiu a ideia da nave que chamou a atenção do Brasil duas semanas atrás. “Foi um trabalho que a gente fez com paciência e com tempo. Demorou meses”, disse o mecânico.
A pedido da reportagem, ele fez outra nave, um pouco menor que a primeira. A nave, na verdade, é uma estrutura em forma de cone, feita com linha e varetas de fibra de vidro.
“Vai fazer a circunferência de LEDs, essas pequenas luzes com intensidade muito forte. São 31 LEDs mais 15 no centro”, ensinou. A estrutura é levinha: tem cerca de 50 gramas. O que mais pesa é a bateria de celular. “A energia dela é para manter tudo isso funcionando. Foi feita uma adaptação para que ligasse e desligasse quando movimentasse a linha”, revelou o mecânico.
Como a nave sai do chão? “Ela está pendurada na linha da pipa. Quem está embaixo não vê a pipa, porque a pipa fica a uns 300 metros acima”, apontou.
A nave do João consegue ficar paradinha no céu. Até parece disco voador. “O que dá sentido para a coisa é fazer bem feito, e eu tenho esse defeito: sou perfeccionista”, afirmou.
Durante vários dias, a reportagem do Fantástico tentou fazer a nave voar, mas faltou vento. Isso até quarta-feira passada (3). “O vento acho que está ótimo hoje”, disse o mecânico.
Naquela noite de quarta, tudo estava ótimo. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia, o vento era de 33 km/h. Perfeito para a nave do João voar.
Na casa da sogra do João, a laje serviu de ponto de lançamento. Primeiro, foi a pipa, que logo sumiu na escuridão. Depois, ele amarrou a nave na linha. Com um pequeno tranco na linha, o espetáculo começou.
Outra equipe de reportagem do Fantástico acompanhou a reação dos moradores. “Deve ser um OVNI, sei lá”, apostou um jovem.
Era o fim do mistério. O trabalho do João é digno de palmas. O inventor de Embu das Artes também é um cara preocupado com a comunidade. “A gente tem que trazer de volta. Não tem que poluir nada e não tem que cair na casa de ninguém, inclusive a bateriazinha. A gente recupera tudo”, disse.
O mecânico só não conta um segredo. “É o motor da nave. É o que faz ela girar constantemente. Esse ninguém vai ver. Um dia, quem sabe, eu vou patentear e ele vai gerar energia para milhões de brasileiros”, prometeu.
Enquanto isso, o jeito é aguardar a próxima aparição da nave do João, que parece disco voador, mas é desse mundo mesmo.
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