domingo, 30 de julho de 2017

Noite Oficial dos Óvnis dos EUA

Brincando de esconde-esconde

Na noite de 19 para 20 de julho de 1952, o comando do controle aéreo da capital dos EUA se alvoroçou com o aparecimento de objetos voadores desconhecidos. Às 23:40 horas um grupo de óvnis surgiu nas telas de radar do centro de controle aéreo civil do Aeroporto Nacional de Washington; inicialmente, voaram a baixa velocidade, cerca de 160 a 200 quilômetros por hora, para, em seguida, passarem a desenvolver altíssima velocidade e sumirem, a todo o vapor.

Simultaneamente, tripulações de alguns aviões comerciais comunicaram o aparecimento de luzes misteriosas que atravessavam o espaço aéreo a velocidades variáveis. Os depoimentos prestados por testemunhas em terra confirmaram tais aparecimentos.

Os pilotos Harry Barnes, Ed Nugent, Jim Ritchey e James Copeland não acreditavam naquilo que viam. Entraram em contato com a torre de controle e souberam pelo operador de radar, Howard Cockelin, que aqueles objetos podiam ser vistos também na tela do radar.

"Posso até ver a olho nu um deles; não faço a menor idéia do que seja", disse Howard.

Tensos, os quatro pilotos acompanharam as evoluções dos óvnis durante algum tempo em suas telas a bordo, até que Ritchey observou como um deles se acoplou a um avião comercial, que acabara de decolar. De imediato, ele se comunicou com o comandante daquele avião, um piloto experimentado, chamado Pireman, ao qual indicou a posição do ovni, quando, de um instante para outro, os óvnis desapareceram, sem deixar o menor rastro. Os pilotos ficaram estupefatos.

Naquele momento, Pireman comunicou-se com os colegas e informou ter visto o ovni. Mas, antes que pudesse se aproximar do objeto, este subiu vertiginosamente e desapareceu. Quando, posteriormente, a formação dos óvnis tornou a surgir, Harry Barnes, chefe do controle por radar, preocupado com aqueles aparecimentos, entrou em contato com o Alto Comando da Força Aérea solicitando providências: aproximadamente às 3 horas da madrugada dois caças F-94 subiram em missão de reconhecimento.

Normalmente, uma esquadrilha de caças encarregada da segurança da Casa Branca e do Capitólio se encontra estacionada na base aérea de Bolling, a cerca de 3 quilômetros de distância. No entanto, algumas horas antes do incidente, a esquadrilha foi transferida sigilosamente para o aeroporto do condado de New Castle, em Wilmington, Delaware, a 160 quilômetros de distância, em virtude de obras a serem executadas na base aérea de Bolling. Assim, jatos levaram trinta minutos para percorrer esse trajeto. Ao entrar no espaço aéreo de Washington, foram dirigidos pela torre em direção aos óvnis; porém, tão logo deles se aproximaram, os objetos voadores sumiram com a rapidez de um raio, evitando assim toda possibilidade de contato visual, como se tivessem acompanhando as comunicações de rádio entre a torre de controle e os caças. Naquela mesma hora, testemunhas em terra falaram em "luzes" estranhas, que manobravam nos céus. Entrementes, dois óvnis se separaram do grupo e entraram na zona aérea proibida, sobre a Casa Branca, enquanto o outro evoluiu em círculos sobre o Capitólio.

Durante a noite, os óvnis tornaram a surgir nas telas de radar; um deles foi até observado em três estações de radar do Aeroporto Nacional e da base aérea de Maryland, 5 quilômetros ao norte de Washington. Todavia, sempre que os jatos apareciam nos céus, os óvnis sumiam, inclusive das telas de radar.

Em compensação, chegaram os primeiros comunicados de Newport News, na Virgínia, avisando sobre o aparecimento de objetos voadores desconhecidos, descritos como luzes claras, em rotação, de tonalidades variáveis. Quando, poucos minutos depois, a base aérea de Langley, na Virgínia, comunicou o aparecimento de uma estranha luz no céu, outro caça subiu em missão de reconhecimento. A torre de controle conduziu esse jato em direção aos óvnis, até o comandante ficar bem à frente de um deles; no entanto, o objeto sumiu quando o caça se aproximou, como "se alguém tivesse apagado a luz". Dirigido pelo radar, o comandante conseguiu permanecer acoplado durante alguns minutos ao objeto voador, então invisível para ele. Depois de o caça de reconhecimento ter pousado na base de Langley, os óvnis tornaram a surgir sobre Washington. Houve mais outra missão de reconhecimento. No entanto, dessa vez, os óvnis nem procuraram evitar seus perseguidores, mas, sim, com eles brincaram de esconde-esconde. No instante em que o caça chegou perto de um ovni, para observá-lo mais detidamente, este fugiu a altíssima velocidade, mas, apenas a uma distância suficiente para não poder ser observado de perto. Nesse jogo de esconde-esconde, um dos comandantes percebeu de repente que estava cercado de óvnis por todos os lados. Nervoso, pediu instruções à torre. Antes de recebê-las, porém, os objetos estranhos haviam levantado o cerco e se afastado do caça. Após uns trinta minutos de perseguição inútil, os caças tiveram de voltar à sua base por falta de combustível.

O acontecimento ocupou as manchetes na imprensa internacional, criou tremenda confusão e provocou desmentidos oficiais, tentando restabelecer a calma e serenar os ânimos. No entanto, com isso o fenômeno não chegou a ser explicado, pois deixaram de ser divulgadas informações convincentes a seu respeito. O Pentágono recebeu consultas de toda parte, inclusive do ex-Presidente Harry Truman.

O incidente revestiu-se de importância especial, pelo fato de testemunhas oculares no solo, no ar e diante das telas de radar terem prestado depoimentos coincidentes; até a cor dos estranhos objetos voadores foi unanimemente descrita como variando de laranja para verde e vermelho.

Por fim, pressionada pela opinião pública, a Força Aérea resolveu tomar uma atitude. O chefe do estado-maior, Tenente-General Nathan Twining, convocou uma entrevista coletiva com a imprensa. Era necessário desfazer apreensões e desmentir rumores. Foi a mais longa entrevista coletiva concedida pela Força Aérea depois do fim da Segunda Guerra Mundial; realizou-se em 29 de julho de 1952 e nela falaram, entre outros, o Major-General John A. Samford, diretor do Serviço de Inteligência da Força Aérea, o Major-General Roger A. Ramey, chefe do Comando da Defesa Aérea, e o Capitão Ed Ruppelt, do Projeto Livro Azul.

Samford iniciou a entrevista de maneira bastante habilidosa, anunciando que, segundo a Força Aérea, esses fenômenos seriam simples. As instalações de radar teriam captado luzes no solo, refletidas por uma camada de ar frio entre duas camadas de ar quente, resultando dali as chamadas inversões térmicas.

As perguntas precisas dos repórteres receberam respostas evasivas, pouco explícitas. Dessa forma, Samford anunciou a intenção da Força Aérea de encarregar um cientista autônomo das investigações dos aparecimentos registrados em Washington (e ficou nisso mesmo).

Quando os jornalistas argumentaram que alguns comandantes dos aviões comerciais tinham, de fato, visto os objetos com seus próprios olhos, Samford não soube responder e acabou admitindo que nem a Força Aérea sabe explicar tal fenômeno. Por fim, procurando uma saída honrosa, declarou que jamais astrônomo algum observou um ovni — o que, em absoluto, não condiz com os fatos.

Em todo caso, Samford deveria ter procurado informar-se melhor sobre o assunto, antes de convocar aquela entrevista coletiva. Por exemplo, ele nada sabia dos aparecimentos de óvnis, observados pelo seu célebre conterrâneo, o astrônomo Prof. Clyde Tombaugh, que, em 1930, descobriu o planeta Plutão e, temporariamente, assessorou o governo dos EUA em assuntos cósmicos! Certa noite, em 10 de agosto de 1949, Tombaugh avistou um ovni do terraço de sua casa, em Las Cruces, Novo México. Aproximadamente às 22:45 horas, observou no céu um objeto escuro semelhante a um charuto e nele distinguiu pelo menos uma fileira de aberturas redondas, brilhantes, dispostas do centro para a frente. Em depoimento posterior, Tombaugh falou que também poderiam ter sido janelas quadradas.

Aliás, esse breve comentário vale tão-somente por uma nota de rodapé.

Voltemos para Samford e sua entrevista à imprensa. Ele anunciou então que a Força Aérea recebeu numerosos relatos de óvnis, redigidos por "observadores fidedignos, expondo fatos relativamente inacreditáveis". Com isso, ele se referiu a cerca de 20 por cento de todos os relatos recebidos. Contudo, Samford frisou e repisou o ponto de os óvnis não representarem, de maneira alguma, qualquer ameaça à segurança nacional.

Essa declaração era um tanto paradoxal, pois, na véspera daquela entrevista coletiva, começou a circular um rumor segundo o qual, em função de novas instruções baixadas pela Força Aérea, os comandantes dos aviões em missão de reconhecimento teriam de abrir fogo contra óvnis que se recusassem a aterrizar. Assim, a "explicação de emergência" dada por Samford, quando falou em "inversões térmicas", ficou completamente desmentida; a não ser que Samford estivesse de posse das "mais recentes noções científicas", prevendo a eventualidade de "inversões térmicas" aparecerem em formação militar e poderem ser derrubadas ou obrigadas a aterrizar. Nesse caso, Samford ainda ficaria devendo a explicação do motivo por que os caças foram mobilizados para perseguir um tal "fenômeno meteorológico".

Tampouco se falou na razão pela qual, justamente naqueles aparecimentos sobre Washington, operadores de radar e técnicos experimentados teriam confundido inversões térmicas com naves espaciais extraterrestres. Nem antes, nem depois do incidente registrado sobre Washington, os peritos e pilotos fizeram tal confusão e, evidentemente, eles protestaram energicamente contra tal imputação, como, aliás, não poderiam deixar de fazê-lo. Afinal de contas, as velocidades dos objetos voadores desconhecidos computadas pelo radar passaram de 150 para 11 000 quilômetros por hora em poucos segundos, quando, simultaneamente, a velocidade do vento alcançou apenas 35 quilômetros por hora. Da mesma forma, a opinião pública também ignorou o fato de o aparecimento nos céus de Washington não ter sido o único registrado naqueles dias. A esse respeito, Samford não fez comentário algum por ocasião da entrevista coletiva, assistida por uns cinqüenta jornalistas.

Por exemplo, um relato oficial sigiloso menciona que, em 23 de julho, objetos de brilho azul-esverdeado foram avistados sobre Boston e detectados pelo radar. Um comandante de F-94 em missão de reconhecimento comunicou logo após a sua decolagem a tomada de contato visual com os óvnis; porém, eles se evadiram manobrando a uma incrível velocidade.

Fonte: Livro de:

Johannes von Buttlar

O FENÔMENO UFO

Título do original: "Das UFO-Phänomen"

Copyright © 1978 by C, Bertelsmann Verlag GmbH, Munique

Tradução: Trude von Laschan Solstein Arneitz

Nenhum comentário:

Postar um comentário