Pessoas observando um misterioso "brilho deslumbrante com círculos à noite", no céu de Moscou, na Idade Média (Coletânea Ilustrada das Crônicas, ou o Czar Livro de Ivan, o Terrível, s. XVI).
Por Natália P. DYAKONOVA* De Moscou/Rússia para os sites Via Fanzine & UFOVIA
Certa vez, o profeta bíblico Zacarias viu no céu um objeto voador de forma cilíndrica ("rolo volante"), e o anjo explicou-lhe a respeito: "Esta é a maldição que sairá pela face de toda a terra..." (Zacarias, 5, 1-3).
O aparecimento de objetos misteriosos nos céus de diferentes países é fixado pela humanidade praticamente ao longo de toda a sua história. O que é um OVNI? A definição mais completa desse fenômeno foi dada pelo pesquisador Josef Allen Hynek: "percepção de um objeto ou luz visível no céu, ou no cosmos, ou sobre a superfície terrestre; fenômeno, espectro, cuja trajetória, dinâmica geral e caráter de luminescência não encontram explicação lógica, geralmente aceita, representando um mistério não só para as testemunhas oculares, mas permanecendo inexplicável mesmo depois de um exame cuidadoso de todas as evidências disponíveis por especialistas, capazes, se possível, de identificar o fenômeno do ponto de vista de senso comum".
Os primeiros esboços de OVNIs, feitos aparentemente há 10-15 mil anos atrás, foram encontrados nos muros de grutas na Espanha, França, China, Japão, Austrália e África. Na mitologia de vários países, principalmente os orientais, há referências aos misteriosos "navios voadores" e seus enigmáticos habitantes com habilidades e conhecimentos sobre-humanos. Relatos sobre eles, diretos ou indiretos, podem ser encontrados na epopeia suméria de Gilgamesh, nos livros sagrados indianos Ramayana, Mahabharata e Vedas e nas lendas chinesas sobre Huangdi, o "filho do céu".
Desses estranhos objetos contam historiadores e cronistas de diferentes eras. Durante a antiguidade clássica, voos de certos objetos desconhecidos foram observados na Grécia e em Roma. O filósofo grego Anaxágoras (século V, a.C.) viu no céu um objeto do tamanho de um grande "tronco", suspenso e imóvel durante vários dias e emitindo brilho incomum. O filósofo romano Seneca (século I, d.C.) escreve no seu trabalho "Problemas naturais": "Na nossa era, mais de uma vez foram avistados durante os dias claros feixes de luz no céu, atravessando-o de leste a oeste ou vice-versa…".
A esta classe pertencem os objetos descritos por Posidónio: "pilares" e "escudos" envolvidos em chamas, bem como outros objetos luminosos: "Estas luzes no céu aparecem não só de noite, mas também durante o dia, e não são estrelas nem partes de corpos celestes". Aristóteles chamou esses escudos de discos voadores, e Plínio, o Velho, no segundo volume de sua "História Natural", distingue os seguintes tipos de estranhos objetos celestes (sob a classificação generalizada de "cometas"), entre outros: "lanças", que "tremem como um dardo lançado e servem como um sinal muito sinistro"; "adagas", "cometas mais curtos e mais apontados... São os mais pálidos e brilham como uma espada e não irradiam raios"; "discoides", de forma correspondente, "sua cor é a de âmbar e emitem raios das bordas, mas raras"; "barriles", "de forma cilíndrica, cercados por uma esfera esfumaçada"; "chifres", de forma correspondente; "lâmpadas", que "se assemelham a tochas flamejantes".
De acordo com os cálculos de Gherman Kolchin, pesquisador russo na ufologia, o maior número de relatos sobre misteriosos objetos voadores de forma circular encontra-se nos escritos de historiadores e escritores romanos: Júlio Obsequens tem 63, Tito Lívio ‒ 30, Cícero ‒ 9, Plínio, o Velho, ‒ 26, Dião Cássio ‒ 14. Em geral, a análise das obras dos autores romanos mostra que eles descrevem o aparecimento de luzes no céu por 39 vezes, dos escudos voadores ‒ 11, das bolas de fogo ‒ 8, de dois ou mais sóis ‒ 12, do "sol" noturno ‒ 5 e dos objetos desconhecidos ‒ 7 vezes.
Nas antigas fontes cristãs também há descrições de voos de certos objetos desconhecidos que se assemelham a OVNIs modernos (nos livros dos profetas Daniel, Zacarias, Ezequiel, etc.).
Nos séculos posteriores, também há depoimentos incrivelmente numerosos, tanto escritos como desenhados, abordando encontros com misteriosos objetos voadores em diferentes regiões do planeta.
A Rússia não é uma exceção. Seria estranho, se esses objetos não fossem avistados sobre o seu vasto território durante mais de 1000 anos de sua história.
Alguns ufólogos acreditam que nos contos de fadas russos, como na mitologia de outros povos, se refletem episódios de choque do povo russo com algo incompreensível e perigoso. Assim, os personagens mais malignos nos contos de fadas russos são Zmey Gorýnych, dragão de três ou mais cabeças, que mora nas grutas das montanhas e voa nos céus vomitando fogo e queimando cidades e aldeias; Bába Yagá, velha bruxa malvada, que tem sua morada na floresta e usa um almofariz voador como meio de transporte (por sinal, se assemelha muito ao personagem da mulher malvada voando nos céus num objeto chamado de efa, conforme o livro bíblico do profeta Zacarias); e Kaschey, o Imortal, ente sobrenatural, feiticeiro malvado, magro, quase sem carne, que só pode ser morto quebrando a ponta de uma mágica agulha de aço (os ufólogos acreditam que o protótipo aqui poderia ser um robô e sua antena de aço). Todos eles, especialmente Yagá e Kaschey, são conhecidos pelos sequestros de pessoas, crianças e adultos, entre outros "feitos".
Nas lendas russas, assim como nas crônicas da antiguidade clássica, foram preservadas as histórias de ajuda "celestial" aos nossos antepassados durante as batalhas. Por exemplo, no século XI, os Rúsichi (habitantes da Rus, como era o nome antigo do país) foram ajudados pelos brilhantes discos celestiais na batalha contra os polovetsianos (cumanos), e em 1240 o Príncipe Alexandre Nevski (canonizado posteriormente) foi ajudado por toda uma flotilha celestial na batalha contra os suecos. Mas muitas informações sobre estranhos objetos celestiais foram preservadas também na forma documental, em particular, nos anais russos.
O Príncipe Alexandre Nevski na batalha e o "sinal" celestial.
O historiador soviético Vadim B. Vilinbakhov escreveu:
“Os anais russos, uma das coleções mais completas e interessantes de fontes escritas da Idade Média, juntamente com a descrição de eventos políticos, batalhas, nascimentos e mortes de príncipes, edificação de cidades e conventos, registra nas suas páginas os 'sinais' ‒ fenômenos celestiais, incríveis para os Rusichi medievais, que causavam medo e eram percebidos como antecipações milagrosas do futuro.
Entre as descrições de cometas e outros fenômenos conhecidos na atmosfera, nas páginas dos anais encontram-se histórias de fenômenos celestiais que estão próximos das características de OVNIs modernos e parecem ser evidências de objetos semelhantes que apareciam sobre a Europa Oriental naqueles tempos longínquos... Analogias semelhantes causam uma variedade de questões e sugerem que os relatórios dos cronistas antigos forneçam material muito interessante e importante para as pesquisas modernas”.
OVNIs sobre a Rus medieval
De acordo com o sistema de cronologia da Criação do Mundo, adotado em Bizâncio e na antiga Rus, o mundo estava no sétimo milênio de sua história, que deveria ser completado no final do século XV ou, mais precisamente, no ano 1492 de Cristo (ano 7000 da Criação). Tratava-se de uma espécie de protótipo de toda a história subsequente da humanidade: os sete dias de criação correspondiam aos sete séculos, ou milênios, da história humana. Consequentemente, em qualquer momento do último milênio, o sétimo, poderia se esperar o início do fim do mundo.
Para este evento principal de sua história, a humanidade teve de se preparar antecipadamente. A Sagrada Escritura exigia diretamente ao cristão distinguir "sinais dos tempos", isto é, seguir cuidadosamente todos os eventos incomuns e misteriosos e, se possível, interpretá-los corretamente. Fenômenos como objetos estranhos no céu, foram percebidos na Idade Média como sinais visíveis do iminente fim do mundo.
Nas crônicas russas (e havia muitas delas, pois cada convento, cada cidade e cada corte do príncipe tinha sua própria) são bem descritos os fenômenos naturais, tais como eclipses ("morte" temporária) do sol e da lua e aparecimento de cometas ("estrelas com cauda"); mas também há muitas descrições de fenômenos incompreensíveis, que foram caracterizados pelos autores utilizando palavras e imagens compreensíveis, já que nem sequer se aproximaram de qualquer ideia técnica. Precisamente tais episódios serão citados à continuação: estrelas em movimento, bolas de fogo emitindo raios e calor, desaparecendo e surgindo de repente; voando a uma velocidade incrível; suspensos por longo tempo em um mesmo lugar, etc.
Sabe-se há muito tempo que uma pessoa não pode retratar algo que nunca viu. Todas as imagens em sua imaginação são da realidade. Portanto, como um escritor russo disse uma vez, "até mesmo os mais talentosos escritores de ficção científica podem inventar apenas uma mistura de um crocodilo com um carburador...". Portanto, devemos pensar que os nossos antepassados viram nos seus céus algo como objetos voadores que os assombravam, assustavam, admiravam, faziam tremer e eram equiparados ao "poder divino".
Vejamos, então, os anais e outras provas documentais russas.
"No ano 6573 (1065 d.C.)... houve um sinal no oeste, uma estrela grande, com uns raios como que sangrentos. A partir da noite, nascia ela no céu após o pôr-do-sol, e assim foi durante sete dias... Na mesma era, uma criança foi jogada no rio Setóml, sendo essa criança arrastada por pescadores na rede e examinada até a noite e novamente jogada na água". Aquela criança tinha as "partes vergonhosas" fora do lugar normal, como também outras terríveis deformações, as quais, segundo o cronista, "não podiam ser declaradas por vergonha" (parece que já naqueles tempos havia experimentos com a genética humana). "Antes disso", continua o autor, "o sol tinha mudado e não se tornou claro, mas era como a lua crescente" (Crônica de Nestor, século XII).
"No ano 6600 (1092) uma maravilha assaz admirável apareceu em Polotsk, em alucinação: à noite, havia tropel, algo estava gemendo na rua e andavam demônios parecidos com pessoas. Se alguém saía da casa, ficava imediatamente ferido da forma invisível com praga pelos demônios e morria por isso. E houve um sinal celeste, como um círculo no meio do céu, muito grande" (Crônica de Nestor, século XII).
1088: "Naquele mesmo ano, quando o Príncipe Vsévolod caçava as alimárias atrás de Vyshgorod... De repente caiu do céu ao chão um dragão assaz grande, e a gente ficou horripilada. E houve um forte golpe na terra, que foi ouvido por muitos" (Crônica de Nestor, s. XII).
1111: Segundo as crônicas, nos dias de março daquele ano as forças russas foram ajudadas duas vezes pelos poderes celestiais na batalha contra os polovetsianos: "As cabeças dos polovetsianos caíam voando ao chão, sendo decapitadas invisivelmente". E os polovetsianos, contestando à pergunta de por que eles perderam, tendo grande superioridade, respondiam: "Como podíamos derrotá-los, quando outros andavam pelo céu com armas brilhantes e terríveis, ajudando-lhes?".
1141, janeiro: No funeral do Príncipe Andréi Vladímirovich, o Bom, "houve um sinal muito medonho: apareceram três sóis no céu dos quais desciam postes de fogo e a lua estava à margem..." (Coletânea Ilustrada das Crônicas, ou o Czar Livro de Ivan, o Terrível, s. XVI).
Ilustração do fenômeno durante o funeral do Príncipe Andréi Vladímirovich, em 1141, em o Czar Livro de Ivan, o Terrível.
Crônica de Ipatiev (século XII): "Houve um sinal no rio Dnieper, não muito longe de Kiev: como se um círculo de fogo voasse no céu, mudando de direção... E foi durante o dia".
Crônica de Radzivill, século XV (principal versão da fundamental Crônica de Nestor narrando os acontecimentos não apenas da Antiga Rus, mas também dos seus vizinhos, nos séculos V-XIII): Santo Andre erguendo uma cruz onde seria fundada Kiev, uma profecia para a fundação do Principado de Kiev. À direita acima pode se ver um objeto com três raios, como "sinal divino”.
1211: "(...) no mesmo inverno um sinal nos céus: apareceram três sóis no leste, e o quarto, no oeste, e no meio dos céus, algo como uma grande lua crescente, parecida com um arco; e este sinal permaneceu de manhã até o meio dia, toda a gente olhava e assombrava-se". (Coletânea Ilustrada das Crônicas, ou o Czar Livro de Ivan, o Terrível, s. XVI).
Ilustração do fenômeno de 1211, em o Czar Livro de Ivan, o Terrível.
1214: "Na terra de Novgorod houve sinal no mês de março, dia 25, na Anunciação: a lua crescente, de aspecto minguante de até três dias, apareceu de repente sobre o disco solar e começou a crescer rígido em questão de minutos. Logo, quando parecia como se faltassem três dias para cumprir o estado da lua cheia, uma nuvem de cor roxa de repente a cobriu. Sombreando a lua crescente, parou por um momento. Mas logo, iniciando novamente o movimento, a nuvem saiu da lua para mostrar aos observadores surpreendidos, em vez da lua cheia que ela acobertou, um crescente lunar fortemente minguante, que imediatamente começou a encher e ficar cheio diante dos olhos da gente. Tudo isso foi repetido várias vezes na mesma sequência. Logo tudo desapareceu, tanto a nuvem roxa, como a lua crescente". (N.A.: Nesta notícia, é percebida a interação de dois objetos: um em formato de foice e o outro, em forma de nuvem. Pode-se supor que o cronista observou a recarga de energia de um objeto celestial a partir de outro).
1317: "No mesmo outono houve um sinal no céu no mês de setembro, no dia de sábado, até a hora do almoço: um círculo acima da cidade de Tver, tinha três raios, dois para o leste e o terceiro, para o oeste" (Vassíli Tatíshchev, "A História Russa", s. XVIII).
1319: Por toda a Rus, registrava-se o aparecimento pelas noites de "pilares de fogo", estendendo-se da terra para o céu, como também de um certo "arco celestial", avistado apenas por alguns. "E alguns outros", escreve o cronista, "viram cavalos com lanternas andando no ar" (Crônica de Yermólin, s. XV).
1403: "Apareceram três sóis, deles irradiavam raios azuis, verdes, roxos, como um arco... Uma cruz muito grande apareceu no meio da lua e permaneceu durante meia hora" (Vassíli Tatíshchev, "A História Russa", s. XVIII).
1409: "No mesmo ano, no mês de agosto, na noite anterior à Assunção da Mãe Puríssima, desde a meia-noite até a madrugada, foram vistos postes de sangue nos extremos, era terrível vê-los". (Coletânea Ilustrada das Crônicas, ou o Czar Livro de Ivan, o Terrível, s. XVI).
Ilustração do fenômeno de 1409 em o Czar Livro de Ivan, o Terrível.
1411: "No mesmo outono, mês de outubro, no décimo dia, houve na segunda hora da noite um sinal no céu, na forma de uma enorme lança de fogo, e este sinal foi repetido três vezes... No mesmo ano, houve um sinal no sol: apareceram três sóis no céu, deles emanavam raios azuis, roxos e verdes, na forma de um arco. No mesmo dia, houve um sinal na lua: à noite, ao nascer a lua, apareceu nela uma enorme cruz, e esse fenômeno durou meia hora". (Coletânea Ilustrada das Crônicas, ou o Czar Livro de Ivan, o Terrível, s. XVI).
Ilustração do fenômeno de 1411 no Czar Livro de Ivan, o Terrível.
1412: "No mesmo ano, dois dias antes do dia de Santo Elias, houve um sinal em Káshin: à noite, viram uma foice na nuvem". (Coletânea Ilustrada das Crônicas, ou o Czar Livro de Ivan, o Terrível, s. XVI). (N.A.: Lembremos aqui os "cometas chifres" de Plínio: o ilustrador da crônica não assistiu ao fenômeno e por isso retratou uma foice real).
Ilustração do fenômeno de 1412 em o Czar Livro de Ivan, o Terrível.
Crônica de Níkon (século XV): "Em um dos dias da Divina Liturgia, muitos dos paroquianos viram acima da Igreja da Natividade, no alto do céu, algo como uma nuvem fina esticada ou como fumaça fina derramada, de uma brancura tão pura quanto uma geada, brilhando com sua claridade assim como a luz do sol. Então, na sutileza e claridade daquela nuvem, eles viram no lugar uma espécie de 'vulto' subindo ao céu…".
1533: "No mesmo outono, no mês de outubro, no dia 24, na noite de sexta-feira para sábado, na cidade de Moscou muita gente viu: as estrelas no céu se esticaram como uma corda e voavam de leste a oeste".
1556: "(...) houve uma estrela no céu, apareceu como um dragão... Levantou-se no céu não muito alto do chão... E esta era como um barril, o fogo caiu no chão e foi como se uma fumaça espalhasse pelo chão. Depois, subiu alto".
1604: O alemão Conrad Bussov, respeitado autor das bem conhecidas "Crônicas de Moscou", que viveu durante muito tempo na Rússia no século XVII, narrando sobre os estranhos acontecimentos daquele ano, escreveu entre outras coisas: "No mesmo ano de 1604, no seguinte domingo depois da Trindade [10 de junho], em um meio-dia claro, à direita sobre o Kremlin de Moscou, muito perto do sol, apareceu uma grande estrela brilhante e deslumbrante, da qual mesmo os russos, que geralmente não tinham feito caso qualquer aos sinais, ficaram muito surpresos...".
O Czar Livro de Ivan, o Terrível
Separadamente, é necessário mencionar esta coleção única de livros ordenados pelo czar Ivan IV, o Terrível (observarei entre parênteses que em russo o significado exato de seu apelido é "Severo", e realmente ele foi menos terrível do que, por exemplo, o seu contemporâneo Henrique VIII da Inglaterra). A chamada Coletânea Ilustrada das Crônicas (ou Crônica Ilustrada) é uma coleção de múltiplos volumes, nos quais é descrita primeiro a história universal (a bíblica, a romana, a bizantina, a do antigo Oriente), mas a maioria dos volumes é dedicada à história da Rússia. 10 mil páginas de textos e 17 mil ilustrações tornam essa coleção única, sendo ela às vezes chamada de "Czar Kniga" ("Czar dos Livros"), ou Czar Livro, por analogia aos famosos Czar Kólokol ("Czar Sino", "Czar dos Sinos") e Czar Púshka ("Czar Canhão", "Czar dos Canhões") no Kremlin de Moscou.
Em 2008, foi publicada uma edição de fac-símile de todos os 35 volumes da Coletânea Ilustrada das Crônicas. A obra foi recebida pelas bibliotecas da Rússia, bem como por algumas universidades estrangeiras.
Precisamente nas páginas da Coletânea Ilustrada das Crônicas é possível ver e ler muitas coisas incríveis (todos os volumes já estão digitalizados e disponibilizados para livre acesso).
O que atrai a atenção de qualquer ufologista nesta crônica? Um fato surpreendente: qualquer "sinal divino", "castigo de Deus", etc. estão retratados nas ilustrações na forma típica dos OVNIs, ou discos voadores, muitas vezes com raios direcionados. A suposição de que se trata da imagem da "cúpula celestial" é rejeitada automaticamente pelo fato de que nas outras ilustrações pode se ver que a cúpula é representada exatamente como uma cúpula, ou seja, como um hemisfério convexo. A contragosto, esse fato dá para pensar: que objetos da vida real sugeriram tais imagens aos cronistas? Vamos comparar.
Seguem várias imagens e entradas do Czar Livro:
1 ‒ fenômenos climáticos anormais;
2,3,4 ‒ objetos com raios como "sinais divinos".
"Sinais" de aparência completamente "técnica":
1 ‒ hemisfério com escadas;
2 ‒ "uma estrela deslumbrantemente brilhante com uma cauda se alargava para baixo".
3 ‒ "brilho deslumbrante com círculos à noite".
Em o Czar Livro de Ivan, o Terrível, também há episódios que agora seriam chamados de "contato de quarto grau". Na Quaresma de 1430, o metropolita Fócio estava em Moscou, em sua cama; de repente, o quarto estava cheio de luz brilhante, e Fócio viu um jovem alto e de cabelos dourados, "como um homem do norte". Estava vestido de roupas incríveis, que "não podem ser retratadas com palavras humanas"; algo brilhava em sua cabeça, que o metropolita pensou ser uma coroa, e também "havia uma vara dourada na sua mão". Assustado, Fócio perguntou quem era o recém-chegado, pois "apenas os ladrões não entram pela porta". O estranho respondeu que ele não era "de pessoas terrenas". Então, ele contou ao metropolita o prazo de vida que lhe restava (pouco mais de um ano) e aconselhou-lhe como ordenar seus assuntos e se comportar com o rebanho. Depois disso, tornou-se invisível. Os criados encontraram o metropolita em muito mau estado, mas depois ele voltou a si, seguiu os conselhos do estranho (que ele naturalmente tomou por um anjo) e viveu o tempo que lhe foi vaticinado. Posteriormente foi canonizado.
Ilustração do Czar Livro representado o encontro do metropolita Fócio com o "anjo". O cronista retratou o episódio em detalhes compreensíveis e familiares; no fundo, é visível no céu um objeto em forma de disco, símbolo da "intervenção divina".
Entre os contatos modernos deste tipo, veremos todas as caraterísticas mencionadas (luz brilhante, aparência externa dos "altos nórdicos", aparecimento e desaparecimento repentinos, mau estado de saúde dos contatados).
OVNIs sobre Moscovia, s. XVII
Uma crônica armazenada nos arquivos da Universidade de Kazan narra um misterioso caso ocorrido na primeira metade do século XVII, quando na Rússia reinava o czar Miguel, fundador da dinastia Romanov.
Um servo de nome Yáshka (diminutivo de Yákov, em português, Jacó) encontrou-se certa vez na floresta com "um homem assaz estranho, de roupas brancas". O desconhecido alegadamente convidou Yashka para "voar ao céu", e ele aceitou o convite por curiosidade, porque lhe foi prometido que seria devolvido posteriormente ao chão. Depois, eles se elevaram para o céu em um grande e brilhante "caldeirão de cobre", juntando-se (engatando-se, como diríamos hoje) lá com "uma enorme casa branca, muito limpa por dentro". Nesta "casa", foi ensinado a Yashka "diferentes ciências e grandes feitiçarias". Depois, no mesmo "caldeirão", eles o trouxeram de volta a terra, dando-lhe "três moedas mágicas" como uma lembrança. Mas, como Yashka verificou, no tempo do seu voo na terra já tinham passado três anos inteiros...
"O grande caldeirão de cobre" de Yashka se parece de modo suspeito com os hemisférios nos céus das crônicas russas e da Coletânea Ilustrada das Crônicas de Ivan, o Terrível.
No livro de Daniil Svyatsky "Fenômeno astronômico nos anais russos" (São Petersburgo, 1909), descreve-se uma série de fenômenos semelhantes que não podem ser meteoritos, cometas ou miragens óticas. Segue um trecho da carta do sacerdote da aldeia de Yersh, onde o fenômeno observado no céu em 29 de novembro de 1662 é descrito em detalhes: "(...) Quando o sol caiu na nossa aldeia e nas outras, muitas pessoas viram no céu um sinal medonho: apenas o sol tinha ido, deste lugar, onde o sol caiu, uma estrela grande e longa surgiu e apareceu no céu como um raio... Permaneceu cerca de meia hora. A luz era indescritível ‒ algo assim como um fogo, e naquela luz muitos viram, alto acima das cabeças das pessoas, um grande 'vulto'... Depois, no local onde estava o 'vulto', como se uma nuvem aparecesse, turva e pequena. O céu se fechou e o fogo começou a cair no chão... depois [o fogo] se levantou dentro da nuvem, e nessa nuvem havia fumaça e ruído, como um trovão, por um longo tempo. A terra estava tremendo e também as casas, e muitas pessoas caíam de horror ao chão. E todos os tipos de animais domésticos estavam se agitando de montão, apertando suas bocas com forragem meio comida, as cabeças levantadas para o céu, e mugiam, como se estivessem morrendo...".
Esse "sinal medonho" foi observado também no Convento de Cirilo, a quatrocentos quilômetros a oeste: "(...) saiu algo como uma estrela, e rapidamente rolou pelo céu, e antes de chegar a terra, fez-se como um grande tosão. E deste, como um raio, disparou um fogo muito brilhante, não como um fogo comum. Tudo ficou iluminado, dentro dos edifícios bem como na circunvizinhança. Do lugar onde a estrela estava, apareceu algo como uma nuvem turva, e esticou-se dela pelo céu algo como um grande dragão, com cabeça no fogo... E a fumaça veio dele, também houve barulho e trovão... E o fogo não caía no chão, mas passou por nosso convento".
No ano seguinte, outro evento significativo teve lugar na mesma área, tornando-se conhecido como a "maravilha de Robózero". Existe um relatório para as autoridades preservado nos arquivos históricos. Diz que em 15 de agosto de 1663, na aldeia de Robózero, da gubérniya (província) de Vólogda, um corpo luminoso com diâmetro de cerca de 40 metros apareceu do norte, movendo-se para o sul lentamente, a baixa altitude e com um forte ruído; da sua parte dianteira dois raios direcionavam-se para o lago que ficava perto da aldeia.
Uma vez sobre o lago, o corpo desapareceu repentinamente, depois reapareceu a meio quilômetro para o sudoeste e logo desapareceu novamente. Finalmente, surgiu por uma terceira vez a distância de meio quilômetro a oeste do lugar do último aparecimento e, empalidecendo, desapareceu por completo.
O objeto misterioso sobre o lago de Robózero (desenho moderno por descrição, autor anônimo).
Ao tentar abordá-lo no barco, os camponeses sentiram um forte calor, mas os corajosos puderam avistar que ao lado da bola, até o fundo do lago estava iluminado a uma profundidade de oito metros, de modo que um pudesse distinguir pedras e bandos de alevinos. Depois, a bola desapareceu silenciosamente no céu. A duração total da observação do corpo foi de uma hora e meia. Quando a bola desapareceu, um sedimento de cinza marrom permaneceu flutuando na superfície do lago.
Há testemunho de que durante o incêndio de 1677 na cidade de Velíky Ustyúg, uma enorme bola parecida com a lua foi observada pelos locais acima de um dos edifícios flamejantes. A bola permaneceu imóvel em um lugar por duas horas, e depois disparou silenciosamente ao céu.
OVNIs sobre Sibéria (ss. XVII-XVIII)
Registros de fenômenos incomuns no céu são frequentes nas crônicas da Sibéria; seguem algumas entradas da Crônica de Cherepánov (os eventos ocorrem principalmente na vizinhança da cidade de Tobolsk, que era então a capital não oficial da região siberiana do Império Russo).
Cidade de Tobolsk, século XVIII.
"No dia 2 de agosto de 1656, apareceu em Tobolsk uma estrela linear: estava no sul e pulou do seu assento, e correu por todo o céu a oeste, e tornou-se pequena, e brilhou muito, e novamente correu pelo céu, e essa sua corrida a partir do sul através do oeste foi repetida seis vezes, e após isso, extinguiu-se. Manifestava uma guerra inconstante [N.A.: ? ‒ frase obscura]".
"No dia 22 de abril de 1677, no extremo sul, uma estrela descia, irradiando para baixo um raio em forma de lança, e ficou no lugar por três horas, e extinguiu-se".
"No dia 4 de novembro de 1683, houve um fenômeno aéreo, também em Tobolsk: no oeste, como se um grande fogão acendesse de repente no ar: e a claridade e o calor, como os do sol, aqueciam os rostos das pessoas que o olhavam. E isso foi avistado desde a quarta até a sexta hora da noite. E, de repente, se dividiu em dois: primeiro, a parte meridional tinha diminuído e desaparecido e depois, a do norte também se tornou invisível".
"No dia 3 de dezembro de 1683, houve no oeste uma visão aérea como uma estrela: nasceu muito brilhante, e no meio dela estava escuro; e começou a esticar-se como um cinto, em comprimento, espalhando-se e enrolando-se como uma tromba; e após isso começou a salpicar como se com faíscas em uma forja; ou quando alguém agita uma estilha com fogo, assim também agitou-se, primeiro para o norte e depois para o leste, e até para cima e para baixo, como a chama de um forno. E essa visão durou a partir das três horas da madrugada. E, durante um quarto de hora, como se um peixe aparecesse [no céu], e de repente caísse no chão. E permaneceu naquele lugar, como a estrela, e esta logo caiu após ele [o "peixe"]. E assim desapareceram".
"No dia 4 dezembro de 1683, à noite, à terceira hora, houve um fenômeno aéreo: acima da casa de voivoda [voivoda: aqui, título de governador da província] apareceu um poste brilhante, e no meio dele, uma estrela, e dela, duas espadas suspensas de cada lado daquele poste, com as pontas para baixo. Foi avistada durante cinco horas e extinguiu-se".
"No dia 8 de junho, de 1701, houve em Tobolsk um fenômeno aéreo: na sétima hora do dia, uma nuvem de trovão apareceu; pessoas paradas à margem do rio Irtysh, onde comerciam peixe [fresco] e peixe salgado, viram voar da mesma direção um longo e grande dragão, inteiramente preto, sem asas, como um grande tronco, e quando passava sobre a cidade, estourou um grande trovão com relâmpagos: e então o dragão ficou primeiro privado de cabeça, e depois sua tromba foi cortada ao meio; e assim, a tromba caiu atrás do rio, pouco mais abaixo da cidade, e a cabeça caiu no final do barranco que está a cinco verstas [verstá: antiga medida itinerária russa equivalente a 1,06 km] abaixo da cidade, e a sua parte média foi levada pela tempestade e vento ao lago Kugáyevskoe". [N.A.: Parece a descrição da catástrofe de um OVNI em forma de charuto, sua explosão e queda].
"Em 20 de novembro de 1706 foi visto em Tobolsk: no final da quarta hora da noite, no meio do céu, como se um pergaminho branco caísse no ar, esticando-se, e rugia alto, sendo ouvido pela gente, e caiu no meio do pátio da casa de voivoda, perto da varanda; e, de repente, um homem apareceu, e dele dispararam separadamente quatro faíscas, fundindo-se logo em um só lugar, e apenas em um minuto tudo desapareceu; ao mesmo tempo, veio uma nuvem, e um trovão forte rugiu durante duas horas aproximadamente. E houve um incêndio na casa de voivoda". [N.A.: Aqui provavelmente temos informações não apenas sobre o aparecimento de um OVNI em forma de charuto, mas também sobre um alienígena].
"No dia 21 de novembro de 1710, à noite, antes das matinas, em Tobolsk, na margem do rio Irtysh, ardeu o hangar de Pyotr Meléshkin, com pão roubado que ele transferia de forma secreta ao seu nome do tesouro de nosso Soberano. E acima deste fogo, no leste, era visível uma estrela, ou cometa, tendo seu raio em foco daquele fogo, e ficou ali até que aquele pão roubado ‒ que era centeio, aveia, farinha e farinha de aveia – se queimou. E este cometa declarou manifestamente a fúria da ira de Deus, denunciando ao miserável que reunia o mal".
"No dia 7 de julho de 1741, a quinta hora do dia, houve um sinal aéreo em Tobolsk: todo o céu estava claro, e de repente como se um trovão ou tiro de canhão explodisse. Quando a gente começou a olhar, foi avistado fogo, inclinado e estendido de baixo para cima como um raio, e no topo passou a ser como uma pequena nuvem de fumaça, e disparava tiros muito repetidamente ou retumbava agitado com intervalo de um minuto. E em pouco tempo não houve mais aquela nuvem".
OVNIs sobre o Império Russo, ss. XVIII-XIX
Os estranhos "corpos celestes" às vezes lutavam uns com os outros. Por exemplo, em 2 de abril de 1716, um choque de dois objetos celestiais foi observado na área da capital imperial russa de São Petersburgo, então recém fundada pelo czar Pedro I, o Grande. A descrição deste episódio incomum foi feita por ordem do vice-almirante Cruys e citada no relatório do Barão de Bie, ministro holandês na corte de Pedro I (esse documento encontra-se preservado nos arquivos da Marinha russa).
Cidade de São Petersburgo, século XVIII.
Às nove horas da noite, em um céu completamente nítido e sem nuvens, apareceu ao nordeste uma espessa "nuvem" escura, com ponta afiada e base ampla, que estava voando no céu com uma velocidade enorme, atingindo em três minutos meia altura até o zênite. Ao mesmo tempo, uma segunda "nuvem", também escura como a primeira, apareceu ao norte, movendo-se para leste e voando até a primeira "nuvem" do lado oeste. Com a aproximação das "nuvens", formou-se entre elas uma "coluna" de luz que existiu por vários minutos.
Depois, ambas as "nuvens" colidiram e quebraram-se, como se num golpe forte, e no ponto de colisão apareceu uma grande chama, acompanhada de fumaça, que era penetrada em todas as direções pelos raios da chama. Juntamente com isso, foram observadas muitas pequenas "nuvens" movendo-se com velocidade incrível e expelindo chamas brilhantes. Além disso, apareceram muitas setas brilhantes, atingindo até 80 graus do horizonte. De acordo com relatos de testemunhas oculares, toda a imagem se assemelhava à batalha das frotas ou exércitos e parecia intimidante. A descrição também menciona que naquele momento ao noroeste apareceu um enorme "cometa" brilhante, que subiu 12 graus acima do horizonte. Todo o fenômeno durou cerca de um quarto de hora, depois o céu ficou claro novamente.
Em setembro de 1808, um OVNI foi observado em Moscou, perto do Kremlin e da Universidade de Moscou; o documento de arquivo contendo sua descrição não causa dúvidas sobre sua autenticidade.
Universidade de Moscou, século XIX.
"O fenômeno era visível na Universidade de Moscou. Em 1º de setembro de 1808, às 20h7 minutos apareceu no céu, claro e cheio de estrelas, um fenômeno extraordinário jamais visto, tanto pela sua beleza e regularidade, como pelo seu brilho especialmente rutilante e tamanho terrível. Segundo notamos pelo seu forte estalido no céu, ele foi subindo numa línea arqueada no horizonte desde os 55 até quase 90 graus. Correndo quase instantaneamente esse espaço, o objeto parou no alto acima do Kremlin e apresentou-se na forma de uma placa longa e reta, de cor de um brilho fosforescente; a partir da terra, parecia ter aproximadamente um comprimento de 5,5 metros e uma largura de meio metro [N.A.: ou seja, as dimensões reais deste corpo eram colossais]. Depois, na sua extremidade frontal, pela sua direção ao sudoeste, um rolo de forma oval, de 1,5 metros de comprimento por 1,5 metros de largura, começou a arder de repente com um fogo de maior brilho, que só pode ser comparado ao radiante fósforo inflamado no gás oxigênio. Pairando em círculo durante cinco segundos, iluminou todos os objetos como durante o dia de maior claridade; depois, a chama apagou-se, a luz brilhante desapareceu, mas a placa brilhantemente clara permaneceu e foi perpendicularmente para cima, muito suavemente, alcançando as estrelas, e ainda era visível entre elas por cerca de dois minutos, tornando-se depois invisível".
No depoimento citado, há também um desenho feito pela testemunha ocular:
Objeto retangular sobre o Kremlin de Moscou (1808), três fases do seu movimento:
1 – deslocamento desde a universidade até o Kremlin, 2 – suspensão, 3 – subida.
Pelas características físicas, esse fenômeno se mostrou idêntico às descrições modernas dos OVNIs: a capacidade de se mover no espaço em qualquer direção, desenvolver uma velocidade tremenda, parar instantaneamente e desaparecer, um flash brilhante e um brilho fosforescente.
Em 1812, quando Napoleão invadiu a Rússia, em Bucovina (então parte do Império Austríaco) apareceu uma grande estrela no céu, acompanhada de um feixe de raios, e voou na direção da Rússia. Depois voltou e aparecia regularmente durante quatro meses, enquanto a Rússia esteve em guerra com os franceses.
Em 1847 o jornal «Московский городской листок» ("Folha Municipal de Moscou") reimprimiu o seguinte artigo do «Могилевские губернские ведомости» ("Boletim Provincial de Mogilev"):
"Em 14 de julho passado, em Mogilev e seus arredores, no lado sul-ocidental do horizonte, perto da lua, foi avistado um fenômeno raro: uma grande cruz de quatro braços de uma cor ígnea brilhante. A lua em seu primeiro quarto apresentava-se na forma usual e na cor normal, encontrando-se exatamente no meio do diâmetro da cruz. O fenômeno começou na 10a hora e continuou até às 3 horas da madrugada. Inicialmente, a cruz era pequena e pálida na cor, depois aumentou até uma braça ou mais, assumindo uma cor ígnea vermelha, que mudava várias vezes, ora empalidecendo, ora corando. Quando a cruz aumentou, nos cantos que ligavam a sua parte superior com o diâmetro, acima da lua, eram visíveis uns raios da mesma cor que a cruz, mas um pouco mais pálidos. A parte inferior da cruz era muito mais longa do que a superior. Este fenômeno foi presenciado por muitos residentes urbanos e rurais. Aqui está escrito a partir das palavras de uma pessoa de maior confiança, um aldeão que estava assistindo ao fenômeno não apenas com sua família, mas também em presença de muitas testemunhas oculares alheias".
Os OVNIs em forma de cruz são também frequentemente avistados hoje. Se analisarmos o fenômeno de Mogilev sob a luz da ufologia moderna, pode-se notar que, no século XIX, as testemunhas não o consideraram um "sinal divino". Nenhum objeto natural poderia ficar imóvel durante umas cinco horas, a despeito das forças da gravidade. A natureza tecnogênica da "cruz" é provada pelo seu aparente suspenso na órbita terrestre durante um longo tempo. As estações orbitais modernas também se assemelham a uma cruz.
A estação orbital soviética "Mir".
Na cidade de Balashov, da guberniya de Saratov, a visita de um OVNI parecia diferente. Às três horas da manhã, na noite de 12 a 13 de outubro de 1847, "em um céu limpo, ao lado noreste do horizonte, formaram-se quatro colunas de fogo, a uma distância próxima umas das outras, com tons de azul e branco. A duração deste fenômeno foi de aproximadamente duas horas. Depois, no lugar dele tornou-se escuro, e logo após alguns minutos, o céu novamente fez-se limpo".
Aproximadamente na mesma época e no mesmo terreno, na guberniya de Saratov, apareceram uns forasteiros incomuns. Pareciam velhos, seus rostos eram de uma cor verde-amarela e, além disso, não tinham barbas, "como os eunucos". Esses estranhos vagavam de aldeia em aldeia, mas não pediam esmolas. Quando alguém tratava de falar com eles, respondiam murmurando algo ininteligível. Portanto, foram considerados como os yurodivye, ou "loucos por Cristo" (yuródivy na tradição da Igreja Ortodoxa Russa é "louco sagrado", homem que, para atingir a vitória sobre o orgulho, assumia a proeza espiritual e ascética, rejeitando bens materiais e normas de vida geralmente aceitas, assumindo imagem da pessoa privada de razão - um louco - e desenvolvendo paciência humilde perante vexações, desprezo e sofrimento físico; os yurodivye eram adorados pelo povo, que levava em conta seus conselhos e profecias). Os estranhos forasteiros não eram detidos pelos estarostes (chefes das comunidades rurais), nem pelos isprávniks (comissários de polícia de distrito no Império Russo). Contudo, como foi averiguado posteriormente, alguns dos representantes das autoridades locais ainda tinham certas suspeitas: aqueles estranhos andavam demasiado rápido entre as aldeias, e, mais ainda, não ficavam para pernoitar em nenhum lugar. Mas não foi possível dissipar as suspeitas, pois os forasteiros misteriosamente desapareceram de repente todos como um.
O seguinte estranho depoimento foi encontrado pelos funcionários do Museu Histórico Estatal.
Andréi Afanásievich Kazachíkhin, meschyanín (pequeno-burguês) da cidade de Tula e membro da duma (câmara) municipal, escreve em seu diário (que ele fez com muito detalhe durante 35 anos), com data de 24 de fevereiro de 1875, que viu no céu uma bola estranha que, tendo subido "muito alto", mudou com estalo para algo branco, parecendo a uma serpente com uma grande cabeça redonda e uma longa cauda que coleava. O respeitado membro da duma municipal observou o fenômeno "por 10 minutos ou mais".
Em 1885 Konstanin E. Tsiolkovsky, pai da cosmonáutica russa, uma vez viu "no lado sul, não muito alto do horizonte, uma nuvem em forma de uma cruz de quatro braços muito regular", que depois de certo tempo mostrou-se diante dele "em forma de um homem; a figura era distante, não grande, mas os braços, as pernas, o tronco e a cabeça eram claramente visíveis; figura regular, impecável, como se estivesse cortada bruscamente do papel".
Estes são apenas alguns dos episódios de avistamentos de OVNIs sobre a Rússia desde a antiguidade até o século XIX. No século XX, o número de casos tem aumentado, no período da Primeira Guerra Mundial o seu número aumentou dramaticamente, sendo as observações documentadas pelas agências militares e policiais. Mas isso é outra história.
* Natália P. Dyakonova é licenciada em Filologia, diplomada em Pintura, autora de uma serie de artigos sobre a Literatura, Arte e História. Pesquisadora e historiadora por inclinação. É consultora e correspondente em Moscou para o diário digital Via Fanzine e da ZINESFERA (Brasil). É editora do blog Protocivilización.
- Tradução: Oleg I. Dyakonov.
- Imagens: Fontes históricas russas, imagens de livre acesso do Internet.
- Produção: Pepe Chaves.
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FONTE: http://viafanzine.jor.br
Fonte: https://ufos-wilson.blogspot.com.br/2018/02/eles-sempre-estiveram-aqui-observacoes.html