- Por Rafael Ribeiro
- Campo Grande News
Verdade ou mentira, o Morenão entrou para a história. Com seus 24.575 pagantes naquela noite,.
Há quase 40 anos, o futebol sul-mato-grossense garantia mais um lugar nas páginas da história. O motivo não foi nenhum título ou conquista memorável. Quer dizer, quase isso.
Na noite daquele sábado de 6 de março de 1982 o Operário, cinco anos depois de ser semifinalista do Campeonato Brasileiro, vencia o badalado Vasco por 2 a 0 na abertura da segunda fase da Taça de Ouro, como era chamada a competição nacional na época.
Mas, o que os torcedores se lembram, mais do que os dois gols do centroavante Jones, foi o estranho objeto cilíndrico que cruzou o céu sobre o Estádio Morenão. Emitindo luzes fortes e extremamente silencioso, o ‘tal negócio’ passou por cerca de cinco segundos sobre o gramado, sem registros fotográficos ou filmagens.
O OVNI (Objeto Voador Não Identificado) se tornou parte do folclore campo-grandense. Até hoje veículos de informação de todos os lugares do mundo vêm à Capital com um único objetivo: apurar a história do disco voador.
Mas depois de tanto tempo, dá para garantir que os torcedores da cidade tiveram naquele dia um contato imediato de primeiro grau com alguma forma de vida alienígena? Passados os anos, a dúvida persiste.
“Eu acredito nas coisas de Deus. Só isso. Que houve algo ali naquela noite, houve. Ficou em cima de mim, emitia luzes. Mas não acredito que seja extra-terrestre ou coisa do tipo.”
A opinião é do ex-lateral-direito Cocada. Irmão de Muller, atacante campeão mundial de 1994, o ex-atleta operariano vivia naquela noite a alegria pela estreia como titular da equipe em um Brasileiro. Mal sabia que seria inesquecível por outros motivos.
“A tensão no jogo era enorme, estava muito concentrado em campo. Foi tudo muito rápido. Não foi algo que todo mundo parou e ficou observando por horas”, disse o ex-lateral, hoje funcionário público municipal.
Daquela noite, Cocada diz se lembrar da perplexidade dos rivais vascaínos, famosos, alguns deles jogadores da seleção brasileira. “Avisei eles que o aeroporto era aqui perto e poderia ser um helicóptero”, alertou.
O repórter Paulo Nonato de Souza trabalhava no jogo do Morenão naquela noite e é direto: era algo fora da compreensão humana. “Não existia, em 1982, tecnologia adequada para reproduzir algo semelhante”, disse.
Souza, que perdeu a conta de quantas vezes precisa contar o que viu quando cita a colegas de profissão de outros lugares sua origem sul-mato-grossense, não deixa de brincar com a situação. “Dizem que o ET apareceu e levou o futebol do Estado embora”, disse, referindo-se à atual situação dos clubes locais se comparado com aquele período.
O professor Ascanio Bottini, 57 anos, era um dos presentes ao Morenão e também acredita que a aparição foi de extra-terrestres. “Lembro que, do meu ângulo de visão, pareciam 4 tubos, dois acima e dois abaixo, em paralelo. Em cada extremidade uma luz forte. Estávamos concentrados na máquina que o Operário tinha quando começou um burburinho nas arquibancadas lotadas e os olhares saíram do gramado para o céu, para ver a outra máquina. Durante alguns segundos ficamos estáticos. Numa velocidade incalculável para nós, humanos, desapareceu. Quando me perguntam se acredito em disco voador, eu respondo: ‘Como não acreditar? Eu vi’”, disse.
O ufólogo (especialistas em estudo de alienígenas) Ademar Gevaerd veio na época a Campo Grande estudar o fenômeno. Ouviu relatos de aparições semelhantes não só em cidades vizinhas, como em todo o Mato Grosso do Sul e até em estados e países vizinhos. “Com certeza nós fomos visitados por uma outra forma de inteligência”, disse.
Gevaerd chegou a ganhar um prêmio de reconhecimento internacional no início dos anos 1990 pelo estudo do fenômeno, em que comprovou ter ocorrido em mais de 300 cidades na mesma semana. “Foi uma revoada de OVNIs”, disse.
Verdade ou mentira, o Morenão entrou para a história. Com seus 24.575 pagantes naquela noite, é o recorde mundial de testemunhas de uma aparição pública de OVNI.
A lenda persiste e, como dizia Steven Spielberg, diretor do filme “ET”, que estreou nos cinemas naquele ano e fez plateias acreditarem que eram possíveis outras formas de vida no universo, “Crer nos mitos e lendas é algo que nós precisamos. Algo místico com o poder de conquistar um lugar especial em nosso coração e de nos levar de volta através da memória em tempos mais agradáveis da nossa vida.”
Paulo Nonato de Souza (esq.), Cocada (dir.) e o Morenão: o mito persiste e ainda cativa os torcedores do estado (Foto: André Bittar)
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