quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

Assista o documentário antes de formar sua opinião a respeito

Alcyon Plêiades 126: Terra Oca, Abertura dos Polos, Antártida Pirâmides, Operação Highjump, Agharti

https://www.bitchute.com/video/CkYDy1U3BCpB/

domingo, 23 de janeiro de 2022

Há quase 40 anos, OVNI pairava no Morenão e até hoje ainda intriga testemunhas


  • Por Rafael Ribeiro
  • Campo Grande News

Verdade ou mentira, o Morenão entrou para a história. Com seus 24.575 pagantes naquela noite,.

Há quase 40 anos, o futebol sul-mato-grossense garantia mais um lugar nas páginas da história. O motivo não foi nenhum título ou conquista memorável. Quer dizer, quase isso.

Na noite daquele sábado de 6 de março de 1982 o Operário, cinco anos depois de ser semifinalista do Campeonato Brasileiro, vencia o badalado Vasco por 2 a 0 na abertura da segunda fase da Taça de Ouro, como era chamada a competição nacional na época.

Mas, o que os torcedores se lembram, mais do que os dois gols do centroavante Jones, foi o estranho objeto cilíndrico que cruzou o céu sobre o Estádio Morenão. Emitindo luzes fortes e extremamente silencioso, o ‘tal negócio’ passou por cerca de cinco segundos sobre o gramado, sem registros fotográficos ou filmagens.

O OVNI (Objeto Voador Não Identificado) se tornou parte do folclore campo-grandense. Até hoje veículos de informação de todos os lugares do mundo vêm à Capital com um único objetivo: apurar a história do disco voador.

Mas depois de tanto tempo, dá para garantir que os torcedores da cidade tiveram naquele dia um contato imediato de primeiro grau com alguma forma de vida alienígena? Passados os anos, a dúvida persiste.

“Eu acredito nas coisas de Deus. Só isso. Que houve algo ali naquela noite, houve. Ficou em cima de mim, emitia luzes. Mas não acredito que seja extra-terrestre ou coisa do tipo.”

A opinião é do ex-lateral-direito Cocada. Irmão de Muller, atacante campeão mundial de 1994, o ex-atleta operariano vivia naquela noite a alegria pela estreia como titular da equipe em um Brasileiro. Mal sabia que seria inesquecível por outros motivos.

“A tensão no jogo era enorme, estava muito concentrado em campo. Foi tudo muito rápido. Não foi algo que todo mundo parou e ficou observando por horas”, disse o ex-lateral, hoje funcionário público municipal.

Daquela noite, Cocada diz se lembrar da perplexidade dos rivais vascaínos, famosos, alguns deles jogadores da seleção brasileira. “Avisei eles que o aeroporto era aqui perto e poderia ser um helicóptero”, alertou.

O repórter Paulo Nonato de Souza trabalhava no jogo do Morenão naquela noite e é direto: era algo fora da compreensão humana. “Não existia, em 1982, tecnologia adequada para reproduzir algo semelhante”, disse.

Souza, que perdeu a conta de quantas vezes precisa contar o que viu quando cita a colegas de profissão de outros lugares sua origem sul-mato-grossense, não deixa de brincar com a situação. “Dizem que o ET apareceu e levou o futebol do Estado embora”, disse, referindo-se à atual situação dos clubes locais se comparado com aquele período.

O professor Ascanio Bottini, 57 anos, era um dos presentes ao Morenão e também acredita que a aparição foi de extra-terrestres. “Lembro que, do meu ângulo de visão, pareciam 4 tubos, dois acima e dois abaixo, em paralelo. Em cada extremidade uma luz forte. Estávamos concentrados na máquina que o Operário tinha quando começou um burburinho nas arquibancadas lotadas e os olhares saíram do gramado para o céu, para ver a outra máquina. Durante alguns segundos ficamos estáticos. Numa velocidade incalculável para nós, humanos, desapareceu. Quando me perguntam se acredito em disco voador, eu respondo: ‘Como não acreditar? Eu vi’”, disse.

O ufólogo (especialistas em estudo de alienígenas) Ademar Gevaerd veio na época a Campo Grande estudar o fenômeno. Ouviu relatos de aparições semelhantes não só em cidades vizinhas, como em todo o Mato Grosso do Sul e até em estados e países vizinhos. “Com certeza nós fomos visitados por uma outra forma de inteligência”, disse.

Gevaerd chegou a ganhar um prêmio de reconhecimento internacional no início dos anos 1990 pelo estudo do fenômeno, em que comprovou ter ocorrido em mais de 300 cidades na mesma semana. “Foi uma revoada de OVNIs”, disse.

Verdade ou mentira, o Morenão entrou para a história. Com seus 24.575 pagantes naquela noite, é o recorde mundial de testemunhas de uma aparição pública de OVNI.

A lenda persiste e, como dizia Steven Spielberg, diretor do filme “ET”, que estreou nos cinemas naquele ano e fez plateias acreditarem que eram possíveis outras formas de vida no universo, “Crer nos mitos e lendas é algo que nós precisamos. Algo místico com o poder de conquistar um lugar especial em nosso coração e de nos levar de volta através da memória em tempos mais agradáveis da nossa vida.”

Paulo Nonato de Souza (esq.), Cocada (dir.) e o Morenão: o mito persiste e ainda cativa os torcedores do estado (Foto: André Bittar)

Fonte: https://diariomsnews.com.br/noticias/ha-quase-40-anos-ovni-pairava-no-morenao-e-ate-hoje-ainda-intriga-testemunhas/

2022 pode ser um ponto de virada no estudo de OVNIs


Repórter do po


Em 2021, houve aumento nos avistamentos peculiares relatados, graças a pessoas com smartphones ou outros equipamentos de vídeo que capturaram esses estranhos vislumbres no céu.

Esses fenômenos aéreos não identificados (UAP) poderiam ser satélites, tecnologia implantada por governos estrangeiros, lixo espacial caindo ou talvez até balões especiais flutuantes ou objetos voadores não identificados (OVNIs) propositalmente falsificados?

Ou eles poderiam ser, bem, alienígenas? E se a Terra estivesse recebendo extraterrestres acelerando de Alpha Centauri que se viram sem fluido de freio e caíram no Novo México?

Muitos desses objetos são finalmente identificados. Outros, no entanto, permanecem misteriosos.

No entanto, em 2022, a UAP receberá mais atenção tanto da comunidade científica quanto do governo federal dos EUA, disseram especialistas à Space.com.

Esforço coordenado

Em junho de 2021, a comunidade militar e de inteligência dos EUA emitiu um relatório sobre UAPs. Seguiu-se uma exortação do Congresso para estabelecer um escritório formal para realizar um "esforço coordenado" na coleta e análise relacionadas à UAP.

"Nossos esforços de segurança nacional dependem da supremacia aérea, e esses fenômenos representam um desafio ao nosso domínio sobre o ar. Ficar à frente dos avistamentos da UAP é fundamental para manter nossa vantagem estratégica e manter nossa nação segura", disse o senador. Kirsten Gillibrand disse em 9 de dezembro de 2021, ao anunciar a inclusão de sua emenda UAP na Lei de Autorização de Defesa Nacional de US$768,2 bilhões para o ano fiscal de 2022, que foi sancionada pelo presidente Joe Biden em dezembro.

Embora o novo escritório dentro do Pentágono, chamado de Grupo de Sincronização de Identificação e Gerenciamento de Objetos Aerotransportados, não se concentre explicitamente na busca por vida alienígena, ele será encarregado de fornecer um espectro completo de inteligência, bem como avaliações científicas e técnicas, relacionadas à UAP.

Uma das responsabilidades do novo escritório da UAP será implementar um plano para "testar teorias científicas relacionadas às características e performances da UAP", disse Gillibrand em um comunicado.

Então, e agora?

Por um lado, há um esforço conjunto para construir hardware de detecção de UAP e decidir onde ele estará estacionado. Este ano pode ser um ponto de virada no estudo de UAP/OVNIs.

Detecção de OVNIs

Um grande desenvolvimento em potencial em 2022 será a detecção de OVNIs, de acordo com Mark Rodeghier, diretor científico do Centro de Estudos de OVNIs em Chicago.

"O esforço para detectar, rastrear e medir o fenômeno UFO no campo, em tempo real, entrou recentemente em uma nova fase", disse Rodeghier à Space.com. "A tecnologia melhorou, as ferramentas de software melhoraram e o interesse atual em OVNIs atraiu profissionais novos e qualificados.

"Embora não se possa prever em quanto tempo obteremos novos conhecimentos fundamentais sobre UAP/OVNIs, acredito que esses esforços provavelmente terão sucesso e colocarão a pesquisa de OVNIs em uma nova base de dados físicos confiáveis", acrescentou Rodeghier. "E, como consequência, teremos ainda mais evidências — como se fosse necessário — de que o fenômeno UFO é real e pode ser estudado cientificamente."

Uma próxima iniciativa, chamada Projeto Galileo, procurará equipamentos extraterrestres perto da Terra. Tem dois ramos. O primeiro visa identificar a natureza de objetos interestelares que não se assemelham a cometas ou asteroides — como 'Oumuamua, o primeiro objeto interestelar conhecido a visitar o sistema solar. O segundo ramo tem como alvo a UAP, semelhante aos de interesse do governo dos EUA.

"Os dados do Projeto Galileo estarão abertos ao público e sua análise científica será transparente", disse o astrônomo de Harvard Avi Loeb, que está liderando o projeto. "As descobertas científicas relacionadas expandiriam o conhecimento da humanidade, sem atenção às fronteiras entre as nações."

A equipe de pesquisa Galileo inclui mais de 100 cientistas que planejam montar o primeiro sistema de telescópio do projeto no telhado do Harvard College Observatory na primavera de 2022.

"O sistema gravará vídeo e áudio contínuos de todo o céu nas bandas visível, infravermelha e de rádio, bem como rastreará objetos de interesse", disse Loeb. "Algoritmos de inteligência artificial distinguirão pássaros de drones, aviões ou qualquer outra coisa. Assim que o primeiro sistema funcionar com sucesso, o Projeto Galileo fará cópias dele e as distribuirá em muitas localizações geográficas."

A verdade está lá fora

Um outlier em todas as conversas sobre UAP e OVNIs — que, no entanto, está atraindo alguma atenção dentro da comunidade científica — é a possibilidade de que os OVNIs sejam realmente viajantes humanos do tempo.

"O modelo humano de viajantes do tempo para explicar OVNIs vem ganhando força nos últimos dois anos", disse Michael Masters, professor de antropologia da Montana Technological University.

Masters é o autor do livro de 2019 "Identified Flying Objects", que examina a premissa de que OVNIs e alienígenas podem simplesmente ser nossos descendentes humanos distantes usando a ferramenta antropológica da viagem no tempo para nos visitar e estudar, como membros de seu próprio passado evolutivo hominídeo.

"Acho que as pessoas estão começando a perceber que faz muito sentido no contexto de como essas naves operam, como podem alcançar acelerações e desacelerações tão incríveis se estiverem manipulando o espaço-tempo em seu próprio quadro de referência dentro e ao redor dessas naves, e se pudermos levar a sério a descrição dos seres vistos em associação com elas, como eles são oni

O mestrado aprecia que o tópico OVNI/UAP esteja sendo levado a sério por um grupo mais amplo de profissionais em várias áreas.

"Quanto mais continuarmos a eliminar o estigma que cerca esse assunto por tanto tempo, mais rápido poderemos começar a entender as nuances desse fenômeno misterioso", disse ele. "Esperamos reduzir ainda mais o estigma também signifique que mais cientistas e estudiosos continuarão a entrar na conversa sem medo de retribuição ou vergonha ser lançada sobre seu programa de pesquisa existente, o que só pode ajudar a avançar nosso conhecimento cada vez mais rápido."

Graças ao reconhecimento oficial da realidade desses objetos, Masters disse: "a conversa agora pode seguir em frente de 'Ass são reais?' para 'O que eles são, e de onde, ou potencialmente quando, eles estão vindo?'"

Falta de coordenação

Atualmente, há falta de coordenação entre as organizações envolvidas em equipamentos de detecção de UAP, mas isso pode mudar este ano, disse Robert Powell, membro do conselho executivo da Scientific Coalition for UAP Studies (SCU) em Austin, Texas.

"Acredito que isso vai melhorar à medida que entrarmos em 2022", disse ele.

Vários membros da SCU estão envolvidos com o Projeto Galileo, e a organização fez parceria com vários grupos, incluindo UFODATA, o Projeto de Aquisição de Dados UFO (UFODAP) e UAPx.

Localizador de OVNI

"A UFODAP já tem um modelo funcional que foi vendido no mercado e tem preços razoáveis na faixa de US$ 2.000 a US$ 5.000, dependendo dos acessórios desejados", disse Powell à Space.com. "Este sistema já foi usado por um grupo conhecido como UAPx para coletar dados. Nosso objetivo é coordenar essas atividades de forma a usar um sistema com equipamentos padronizados para coletar dados."

Mas antes que isso aconteça, disse Powell, os grupos precisam traçar exatamente o que esse equipamento está tentando medir e verificar se o sistema pode atingir esse objetivo.

Desafios pela frente

"Estes são tempos emocionantes, pois há um número crescente de grupos focados na detecção e estudo de UAP", disse Kevin Knuth, professor associado de física da Universidade de Albany e vice-presidente da UAPx, que pretende incorporar uma rede de sensores distribuídos que as partes interessadas podem hospedar localmente para contribuir para a detecção de UAP.

Ainda assim, existem alguns desafios envolvidos com a interação de vários grupos, disse ele.

"Embora alguma coordenação entre os grupos possa ser benéfica, especialmente no contexto da eficiência, o fato de atualmente sabermos muito pouco sobre UAPs implica que o potencial de descoberta é maior se os grupos começarem trabalhando de forma independente, tentando diferentes equipamentos e procedimentos e observando em diferentes lugares", disse Knuth à Space.com.

À medida que as lições são aprendidas e os resultados são tornados públicos, os vários grupos começarão a adotar equipamentos e procedimentos que se mostraram frutíferos, acrescentou.

"Por esse motivo, provavelmente não é sensato coordenar os grupos neste momento", disse Knuth. "Em vez disso, à medida que aprendemos mais sobre a melhor forma de observar e estudar UAPs, a comunicação entre grupos — facilitada pelo compartilhamento de dados e publicação de resultados — levará a melhorias em geral. Este é o benefício de estudos científicos independentes."

Tendo uma visão mais ampla, Knuth disse que os grupos científicos estão planejando publicar artigos científicos revisados por pares. O resultado será o avanço adicional dos estudos científicos das UAPs "enquanto incentiva e obriga mais cientistas a se envolverem no estudo do que poderia muito bem estar entre as descobertas mais importantes da história da humanidade", disse ele.

Leonard David é autor de "Moon Rush: The New Space Race" (National Geographic, 2019). Escritor de longa data da Space.com, David relata a indústria espacial há mais de cinco décadas.

Space.com

Fonte: https://www.valedoacarau.com/2022/01/2022-pode-ser-um-ponto-de-virada-no.html?fbclid=IwAR3ZSyB9H-DOsumZqHt_NtTZ3JQkw0QDo6sW4H8HWrs5MQa0k-oRVL5gLAA

sábado, 22 de janeiro de 2022

Será que a NASA está procurando alienígenas morando nas profundezas oceânicas?

Por que a Nasa está explorando as profundezas dos oceanos

Compreender o mundo submarino poderá ajudar a desvendar os mistérios do espaço sideral? Uma missão espacial da Nasa está nos levando às profundezas inexploradas do nosso próprio planeta.

Isabelle Gerretsen - BBC Future

22 jan 2022 07h54

O veículo robótico subaquático Orpheus aventura-se em regiões não mapeadas nas profundezas do oceano

O veículo robótico subaquático Orpheus aventura-se em regiões não mapeadas nas profundezas do oceano

Foto: Marine Imaging Technologies, LLC/Woods Hole Oceano / BBC News Brasil

Nossos oceanos cobrem mais de 70% da superfície da Terra, e mais de 80% deles permanecem inexplorados. Costuma-se afirmar que sabemos mais sobre a superfície de Marte e da Lua que sobre o leito oceânico do nosso próprio planeta.

A Nasa está em uma missão para mudar isso. A agência espacial norte-americana está explorando as profundezas oceânicas em busca de indicações de qual poderá ser a aparência dos oceanos em outros planetas, a fim de expandir os limites da ciência e da tecnologia em um dos ambientes mais extremos da Terra. É uma missão cheia de maravilhas, perigos e um risco de implosão que não pode ser menosprezado.

A esperança é que as descobertas subaquáticas da missão ajudem a desvendar alguns dos mistérios do espaço sideral, além de testar parte do equipamento e os experimentos necessários para missões em outros pontos do Sistema Solar.

As profundezas dos oceanos da Terra são surpreendentemente similares a algumas das condições que a Nasa espera encontrar em outros mundos do nosso Sistema Solar. Elas poderão até fornecer indicações sobre os lugares onde os cientistas deverão procurar vida alienígena.

As partes mais profundas dos oceanos da Terra são conhecidas como a zona hadal. Seu nome vem de Hades, o deus grego do submundo, e é um lugar hostil que faz jus à denominação. Ela consiste de fossas e canais profundos e se estende até 11 km abaixo da superfície dos oceanos do planeta. Ao todo, ela representa uma área de leito marítimo equivalente ao tamanho da Austrália — e poucos veículos conseguem sobreviver a um mergulho nesse abismo escuro.

É na zona hadal que os cientistas da Nasa, em parceria com o Instituto Oceanográfico Woods Hole (WHOI, na sigla em inglês) de Massachusetts, nos Estados Unidos, estão tentando explorar e sondar os limites da vida na Terra.

Até a linguagem empregada pelos cientistas para suas missões naquela região utiliza termos adotados pela exploração espacial. Nos últimos anos, biólogos marinhos enviaram diversos "módulos de aterrissagem" equipados com sensores e câmeras para "aterrissagens acidentadas" sobre o leito da zona hadal, onde eles fazem medições.

Antes considerados desprovidos de vida, descobriu-se que os respiradouros hidrotérmicos nas profundezas do oceano estão repletos de criaturas vivas

Antes considerados desprovidos de vida, descobriu-se que os respiradouros hidrotérmicos nas profundezas do oceano estão repletos de criaturas vivas

Foto: Science Photo Library / BBC News Brasil

Mas os engenheiros do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa no sul da Califórnia, nos Estados Unidos, estão construindo um novo veículo subaquático autônomo chamado Orpheus — o nome em inglês do herói da Grécia antiga que viajou para o submundo e voltou — para mapear as profundezas mais inacessíveis.

Utilizando tecnologia de navegação visual similar à da sonda Perseverance da Nasa em Marte, Orpheus possui câmeras altamente sensíveis para identificar formações rochosas, conchas e outras características do leito oceânico e elaborar mapas tridimensionais pontilhados com marcas do terreno — ou melhor, marcas do leito oceânico. Isso permite que o robô encontre seu caminho e reconheça lugares onde já esteve, mas deverá também ajudar a lançar novas luzes sobre a biodiversidade daquele ambiente hostil.

"Orpheus é um veículo que serve de portal", afirma Tim Shank, biólogo das profundezas marinhas que está liderando o programa de exploração hadal do WHOI. "Se ele funcionar, não haverá lugar no oceano aonde não possamos ir."

Não é a primeira vez que Shank tenta atingir as profundezas escuras da zona hadal. Em 2014, o veículo predecessor de Orpheus — Nereus — foi enviado para a Fossa de Kermadec, a nordeste da Nova Zelândia. Mas o veículo subaquático implodiu a cerca de 10 mil metros de profundidade, muito provavelmente devido à imensa pressão.

"Depois de 12 horas, nós o vimos emergir em pequenos pedaços", relembra Shank, acrescentando que a perda de Nereus fez com que eles repensassem a forma de explorar as profundezas dos mares. Com o tamanho aproximado de um quadriciclo e pesando cerca de 250 kg, Orpheus foi projetado para ser muito mais leve, menor e mais barato que os veículos subaquáticos anteriores. E ele também deve ser mais ágil e capaz de entrar em fossas e respiradouros no leito oceânico que nunca haviam sido explorados antes.

Europa na Terra

Por muito tempo, os biólogos marinhos acreditaram que a vida na zona hadal era impossível — até que, quando os veículos submergíveis começaram a aventurar-se na região, na primeira metade do século 20, ficou evidente que a vida poderia suportar aquelas condições.

Mas ainda se acreditava na época que todos os organismos vivos fossem sustentados por uma cadeia alimentar abastecida, em última análise, pela fotossíntese. Plantas, algas e algumas bactérias marinhas nas águas da superfície convertem a energia do Sol em açúcares que são armazenados na sua matéria orgânica. Essa matéria é comida pelos herbívoros que, por sua vez, são comidos por animais carnívoros.

Os cientistas estavam convencidos de que os organismos do leito oceânico sobreviviam com matéria orgânica morta — carcaças de animais, fezes e a queda constante de outros detritos orgânicos, ou "neve marinha", flutuando de cima para baixo. Mas se acreditava que não haveria alimento suficiente para sustentar muitas criaturas marinhas e que as áreas mais profundas fossem ainda escuras e frias demais para a vida.

Essa percepção das profundezas oceânicas se alteraria em 1977, quando uma equipe de pesquisa norte-americana lançou um veículo de operação remota a 2.440 metros de profundidade no Oceano Pacífico. O veículo foi enviado para fotografar os respiradouros hidrotérmicos, onde o calor da atividade vulcânica emerge do leito oceânico.

Para sua surpresa, os cientistas descobriram ecossistemas vibrantes em volta dos respiradouros, repletos de organismos marinhos, como o peixe-caracol transparente e anfípodes — crustáceos que se parecem com pulgas — que nunca haviam sido vistos antes.

"Com essa descoberta, nós [encontramos] uma forma inteiramente nova de vida na Terra", afirma Shank. "Esses animais não precisam da luz solar direta... eles vivem das substâncias que saem do leito oceânico."

Os cientistas estavam perplexos: como essas espécies conseguem sobreviver à pressão esmagadora da zona hadal? "A pressão [ali] é de cerca de 1 mil atmosferas", explica Shank. "Ela é tão forte que as células individuais de um animal seriam arrancadas."

Desde aquela primeira observação em 1977, os cientistas descobriram que os organismos que vivem nas profundezas adaptaram-se em nível celular para sobreviver naquela região, segundo Shank. As criaturas da zona hadal, como os crustáceos anfípodes e o peixe-caracol, possuem enzimas chamadas piezólitos (palavra derivada de "piezin", ou pressão em grego), que impedem suas proteínas e membranas celulares de serem esmagadas sob pressão extremamente alta.

Os piezólitos combatem a pressão aumentando o espaço ocupado pelas proteínas no interior das células do organismo para compensar o peso da água à sua volta. "É como colocar estacas em uma tenda", compara Shank.

Orpheus foi construído usando parte da espuma remanescente do veículo submergível Deepsea Challenger, do cineasta James Cameron

Orpheus foi construído usando parte da espuma remanescente do veículo submergível Deepsea Challenger, do cineasta James Cameron

Foto: Woods Hole Oceanographic Institution / BBC News Brasil

Descobrir organismos que podem não apenas sobreviver, mas proliferar-se nesse ambiente repressivo levanta questões importantes para os biólogos que examinam além dos domínios do nosso planeta - como se eles poderão também ser encontrados nos oceanos de outros mundos.

Abaixo da superfície de gelo de uma das maiores luas de Júpiter — Europa — encontra-se um oceano de água salgada. Acredita-se que ele tenha 60 a 150 mil metros de profundidade e contenha duas vezes mais água que todos os oceanos da Terra juntos. A luz do Sol não penetra na espessa camada de gelo de Europa, repleta de fraturas e rachaduras. Abaixo da crosta de gelo, a pressão é comparável à da zona hadal da Terra.

"Aqui temos Europa na Terra", afirma Shank. "Não vejo como podemos explorar Europa sem antes fazer o mesmo na Terra."

Um robô capaz de explorar a zona hadal da Terra poderá fazer o mesmo em uma lua congelada a 628 milhões de quilômetros de distância.

"O leito oceânico é uma grande plataforma de teste para podermos desenvolver a tecnologia necessária para uma missão bem sucedida até o oceano desses mundos", afirma Russell Smith, engenheiro do Laboratório de Propulsão de Jatos da Nasa, que é parte da equipe responsável pela construção de Orpheus.

Mas um robô em operação no espaço sideral ou nas profundezas do oceano precisa ser totalmente autônomo. "O robô precisa ser capaz de tomar decisões", afirma Smith, acrescentando que o objetivo é que Orpheus possa detectar e classificar DNA ambiental e substâncias da água, além de trazer amostras do leito oceânico.

Construir um robô para a zona hadal é um desafio incrível, segundo ele. Orpheus precisa suportar pressões intensas e temperaturas extremas. A água na zona hadal está pouco acima do ponto de congelamento, mas, nos respiradouros hidrotérmicos, as temperaturas podem atingir 370°C.

"Desenvolver um veículo que possa sobreviver é muito difícil", afirma Smith. "Você precisa de paredes muito espessas para evitar que o circuito eletrônico seja molhado ou esmagado."

Orpheus é parcialmente construído com espuma sintática, um material flutuante composto de esferas de vidro microscópicas embutidas em resina epóxi. A espuma usada em Orpheus vem de resíduos do material produzido para o veículo subaquático Deepsea Challenger, do diretor cinematográfico James Cameron, que desceu até o fundo da Fossa das Marianas, no oeste do Oceano Pacífico, em 2012.

Alvin foi o primeiro veículo operado por controle remoto a visitar respiradouros hidrotérmicos quando mergulhou até o leito oceânico profundo em 1977

Alvin foi o primeiro veículo operado por controle remoto a visitar respiradouros hidrotérmicos quando mergulhou até o leito oceânico profundo em 1977

Foto: Ralph White/Getty Images / BBC News Brasil

Como é totalmente escuro nas profundezas do oceano, Orpheus é equipado com uma enorme lanterna. Se a luz ficar ligada todo o tempo, ela esgotará rapidamente a bateria do robô, que ficaria encalhado nas esmagadoras profundezas. Para economizar energia, Orpheus entrará em modo de baixo consumo quando não estiver recolhendo amostras ou imagens, segundo explica Smith.

Missão para a Lua

Em 2017, a Nasa lançou o projeto chamado Exploração Analógica Subaquática Sistemática de Ciências Biogeoquímicas (Subsea, na sigla em inglês), para reunir os campos da exploração espacial e oceânica. Até o momento, foram conduzidas duas missões com veículos operados com controle remoto para respiradouros hidrotérmicos no Oceano Pacífico.

Acredita-se que a atividade vulcânica em volta do monte submarino Lō'ihi, a cerca de 30 km do litoral do Havaí, e do Dorsal de Gorda, a 120 km da divisa entre os Estados da Califórnia e de Oregon no litoral norte-americano, seja similar à encontrada nos mundos oceânicos de Europa e da lua de Saturno Encélado.

"Todo o projeto foi baseado em descobrir áreas nas profundezas dos nossos oceanos que realmente tivessem natureza análoga ao que prevemos encontrar em lugares como Encélado", afirma Darlene Lim, geobióloga da Nasa que lidera o programa Subsea e prepara os astronautas para a exploração da Lua e do espaço sideral.

Os cientistas usaram as missões Subsea para conseguir compreender melhor a química e a geologia desses respiradouros, bem como a vida em torno deles.

"Esses respiradouros são muito inócuos", afirma Lim. "Você precisa examinar com muita atenção para perceber alterações da temperatura da água que sai da terra e interage com a água do mar, muito fria. Até mesmo essa ação isolada é muito importante para podermos prever como explorar alguns desses mundos oceânicos do nosso sistema solar."

Poderão ainda passar décadas até podermos enviar robôs para Europa e Encélado, mas os cientistas da Nasa já estão aplicando nas missões espaciais o que aprenderam com a exploração das profundezas do oceano.

Em 2023, a Nasa enviará uma sonda robótica para procurar água congelada no polo sul da nossa Lua. Conhecida como Sonda de Exploração Polar para Investigar Substâncias Voláteis (Viper, na sigla em inglês), a missão estudará o gelo perto da cratera lunar Nobile, na esperança de que ele possa ser minerado para uso como combustível para foguetes ou água potável. Embora não opere embaixo d'água, uma sonda caminhando na Lua enfrentará muitos desafios técnicos idênticos.

"Estamos reunindo todo o aprendizado do Subsea e aplicando no Viper", afirma Lim, que também é a cientista vice-líder do projeto Viper.

O objetivo do programa Subsea foi garantir que os cientistas atinjam seus objetivos de pesquisa em condições extremamente desafiadoras, do ponto de vista da tecnologia e de comunicações.

Do ponto de vista operacional, a exploração oceânica e a espacial também têm muitos pontos em comum. Nesses dois campos, robôs são enviados para explorar ambientes traiçoeiros que os seres humanos não conseguem alcançar, apoiados por equipes remotas de cientistas. Mas poderá também ser conveniente preparar astronautas para controlar equipamento robótico de uma base lunar no futuro.

Menos de 10 cientistas foram para o mar com a missão Subsea. Eles trabalharam com um grupo maior de colegas em terra. Para a missão Viper, uma equipe irá operar a sonda na Terra quase em tempo real e precisará analisar dados e tomar decisões com muita rapidez.

A comunicação eficiente é fundamental durante essas missões, afirma Zara Mirmalek, cientista social da Nasa que ajuda os cientistas a se prepararem para exploração em ambientes extremos. Ela trabalhou nos programas Subsea e Viper.

Plumas de vapor d'água erguem-se da superfície gelada da sexta maior lua de Saturno, Encélado — sinais do oceano líquido oculto embaixo dela

Plumas de vapor d'água erguem-se da superfície gelada da sexta maior lua de Saturno, Encélado — sinais do oceano líquido oculto embaixo dela

Foto: Nasa/JPL/Space Science Institute / BBC News Brasil

Para explorar as profundezas oceânicas, os cientistas precisam tomar decisões todo o tempo, dependendo das condições marítimas, do tempo e da salinidade. "Você sabe que terá menos tempo que o planejado", explica Mirmalek. "É muito mais difícil trabalhar nas profundezas oceânicas porque as condições são um grande desafio para a tecnologia."

Ela ressalta que, nas missões espaciais, as comunicações são extremamente limitadas. Como preparação para as condições do espaço sideral, Mirmalek restringiu os cientistas da missão Subsea para que se comunicassem entre si apenas uma vez por dia. "Não houve falhas — eles atingiram todos os seus objetivos de pesquisa", segundo ela.

Já Darlene Lim afirma que "tudo aquilo que aprendemos trabalhando em conjunto com a comunidade oceanográfica foi muito valioso, realmente inestimável, para ajudar-nos a confiar nos processos que estamos adotando para projetar nossas operações científicas para o Viper".

Mas, da mesma forma que nas missões para fora do planeta, a exploração do fundo dos oceanos também está permitindo à humanidade olhar para a Terra de outra maneira.

A Nasa afirma que suas explorações oceanográficas geraram "milhares" de descobertas científicas, mas elas também estão fornecendo outras informações que poderão ser vitais se quisermos continuar vivendo em um mundo com oceanos saudáveis. Precisamos compreender nossos ambientes oceânicos se quisermos salvá-los, segundo Laura Lorenzoni, cientista do programa de biogeoquímica e biologia dos oceanos da direção de missões científicas da Nasa.

"Isso é fundamental para a vida na Terra e as medições constantes que a Nasa realizou — e continua a realizar — são fundamentais para garantir o uso sustentável dos nossos recursos oceânicos", afirma ela.

Ou seja, a cada passo que damos rumo à exploração de outros mundos, aprendemos também um pouco mais sobre algumas das partes mais inexploradas do nosso próprio planeta azul.

Leia a íntegra desta reportagem (em inglês) no site BBC Future.

Fonte: https://www.terra.com.br/noticias/ciencia/por-que-a-nasa-esta-explorando-as-profundezas-dos-oceanos,a97ed095c6961e001f6d805ce4a62ae9fa811ubc.html