Eram sete horas da noite. O caminho longo e escuro da estrada de chão estava se tornando cansativo.Em mais um dia de trabalho estafante do mês de maio de 1958, Artur Berlet, um tratorista da Prefeitura, regressava do interior a caminho de Sarandi. Mas antes de completar os 18 quilômetros que ligavam a localidade de Natalino à sede do município, deparou-se com uma intensa luz no mato à beira da estrada. Curioso, atravessou a cerca de arame farpado e avistou um objetor redondo, com mais ou menos trinta metros de diâmetro. Sorrateiramente, surgiram dois vultos de dentro do objeto, e um jato de luz forte atingiuo tratorista, fazendo-o perder os sentidos. A partir daí, os familiares e amigos de Artur ficaram oito longos dias sem notícias suas.
A viagem
Um extenso e detalhado relato sobre uma viagem a outro planeta deu origem a uma série de especulações e, até mesmo, piadas na região Norte do estado. Artur teria sido abduzido por mais de uma semana, levado por uma espaçonave a um planeta chamado Acart. Desta experiência nasceu a obra Da utopia à realidade - viagem real a outro planeta. Nos manuscritos de 422 páginas a lápis, Artur descreve fatos históricos e científicos que foram descobertos ao longo destes 50 anos. A história ficou conhecida como “Caso Berlet”, levando ufólogos do mundo inteiro a investigar o fato.
Segundo os manuscritos, Artur Berlet foi parar no tal planeta chamado Acart, a 62 milhões de quilômetros da Terra - esta distância, porém, foi questionada por cientistas, que afirmam ser impossível existir um planeta tão próximo da órbita terrestre. No livro, Artur conta que só recuperou os sentidos em uma cama diferente, com pessoas altas e claras se movimentando ao redor dele. Dois homens o conduziram à porta de saída,onde pôde observar perplexo a nave pousada em solo firme, em um lugar estranho. “Tive a impressão de que havia perdido metade do meu peso e, ao mesmo tempo, de que meus ombros haviam aumentado de volume”,escreveu. Ele conta ainda que, quando balbuciou algumas palavras em alemão, os homens entenderam a língua, e assim passou a haver comunicação entre eles. Durante os oito dias em que esteve no planeta, Artur descreve detalhes sobre as cidades super populosas, a água “tão leve como gás”, o transporte local, as armas utilizadas pelos habitantes, como os desintegradores e os neutralizadores solares. Na viagem de volta, ao contrário da ida, Artur percorreu acordado alguns trechos. Ele afirma que tomou uma pílula, tal como os outros tripulantes, para que dormisse nas “zonas de turbulência magnética” no espaço.
A nave o deixou no campo, a cinco quilômetros de Sarandi. Artur foi para casa e demorou uma semana para ordenar as ideias confusas e fazer desenhos e anotações sobre a viagem. Após escrever a mão toda a aventura vivida em outro planeta, Artur Berlet publicou o livro, com prefácio e epílogo de dois importantes ufólogos. Cinquenta anos depois, a edição de Da utopia à realidade - viagem real a outro planeta só pode ser encontrada na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro e nas bibliotecas municipais de São Paulo e Curitiba. Há ainda alguns exemplares com a filha de Artur, Ana Berlet, que ainda mora em Sarandi, tem um estúdio fotográfico, e é a principal divulgadora da história do pai, que morreu na década de 1980.
O caso se torna conhecido
"Tive a impressão
de que havia perdido
metade do meu peso e,
ao mesmo tempo, de que
meus ombros haviam
aumentado de volume."
de que havia perdido
metade do meu peso e,
ao mesmo tempo, de que
meus ombros haviam
aumentado de volume."
Em 1972, Artur foi convidado por estudiosos da ufologia para dar uma palestra na Alemanha sobre sua experiência extraterrestre. Em maio deste ano, o Museu Internacional de Ufologia, História e Ciência, durante a Semana Nacional de Museus, em conjunto com o IPHAN, Instituto do Patrimônio Artístico Nacional, apresentariam uma exposição sobre o Caso Berlet. “Artur Berlet, o gaúcho que viajou para o outro planeta – 50 anos de história” foi uma exposição com acervo documental, fotografias do arquivo pessoal de Artur Berlet, um roteiro elaborado com a ordem cronológica dos acontecimentos, os manuscritos originais, em cadernos que somam 422 páginas, e ainda a máquina fotográfica, que, segundo Artur, fora levada junto ao planeta Acart. Relatos como o de Artur Berlet são estudados há anos por cientistas e pela comunidade ufológica. A Nasa,National Aeronautics and Space Administration, investe milhões de dólares em pesquisas relacionadas à vida em outros planetas. E a mesma questão, há séculos, produz inúmeras especulações: é possível existir vida fora da Terra? Para o professor Álvaro Becker da Rosa, que ministra aulas de física na Universidade de Passo Fundo, os cientistas não duvidam de que realmente há vida em outros planetas, mas a grande dúvida é a respeito da vida inteligente. Não existem evidências científicas de seres inteligentes vivendo fora do nosso planeta, mas a ciência não descarta essa possibilidade.
O livro 'Eram os deuses astronautas', do suíço Erich Von Dãniken, foi escrito em 1968 e estuda a possibilidade de as antigas civilizações terrestres serem resultado de visitas alienígenas. Nele, o autor questiona a construção misteriosa das pirâmides do Egito e da civilização inca, as quilométricas linhas de Nazca e outras construções que, mesmo hoje, com toda tecnologia existente, seriam difíceis de serem erguidas. Von Dãniken vendeu milhares de livros e provocou várias dúvidas nos leitores.
Uma das mais importantes revistas brasileiras, a Superinteressante, publicada mensalmente pela Editora Abril, volta e meia traz reportagens sobre a hipótese extraterrestre. Na edição número 214, a revista fala sobre um dos mais importantes estudos de ufologia realizado por uma fonte oficial, o Projeto Blue Book. O plano foi concebido pela Força Aérea Americana, de 1952 a 1969, e promoveu a investigação de milhares de casos para descobrir o real poder dos ovnis (objetos voadores não identificados) e se eles representariam uma ameaça à população americana. Na investigação, 12 mil relatos de avistamentos de óvnis foram analisados e 90% deles foram identificados como aviões, pássaros, balões, meteoros ou fenômenos atmosféricos. Os outros 10% foram classificados como “não-identificados”. Com isso, a polêmica foi instalada. Segundo ufólogos, as investigações teriam sido incompletas, e o Blue Book teria como finalidade ridicularizar a existência de vida extraterrestre para evitar a disseminação do pânico na população.
O assunto continua despertando polêmica até hoje, inclusive na comunidade científica. Existe muito sensacionalismo a respeito de aparições de ovnis. Quanto mais audiência um fato desse tipo der, menos crédito eu dou. Agora, aqueles fenômenos mais simples, que causam menos frisson na mídia, geralmente são os mais intrigantes”, afirma o professo Álvaro. Casos como o de Artur Berlet são perturbadores, segundo Álvaro. “Esse homem veio com uma enxurrada de informações, dizendo que havia visitado outro planeta, e hoje aos olhos da ciência podemos perceber que muito do que ele escreveu foi realmente descoberto anos mais tarde, como por exemplo, o silício monocristalino”, diz. E acrescenta: “Artur Berlet era de origem muito humilde, semi-analfabeto e não seria capaz de ‘inventar’ os acontecimentos com a riqueza de detalhes descrita no livro.
Veja a vídeo abaixo :
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