segunda-feira, 20 de julho de 2009

A aceitação dos ETs pela Igreja é um sinal claro de que o Vaticano sabe bem mais do que admite

Segundo o ufólogo italiano Roberto Pinotti, a abertura na Santa Sé será gradual, entretanto, efetiva

George Coyne está convencido dos desafios neste sentido

O termo exoteologia, ainda pouco conhecido pela Comunidade Ufológica Mundial, deriva da expressão teologia extraterrestre, cunhada para definir parâmetros que permitam um entendimento religioso das conseqüências de futuros contatos com seres de outros planetas. Conceitualmente, é o exame das conseqüências teológicas advindas do contato com inteligências alienígenas, e teria aplicação também numa tentativa de compreensão de como seriam as possíveis crenças dos ETs que viéssemos a encontrar. Por fim, forneceria uma estimativa de como nossa própria teologia seria afetada face à prova incontestável de vida alienígena. A nova disciplina parte de conceitos primeiramente falados na Conferência dos Bispos da Itália (CBI), por volta de 1996, pelo padre jesuíta George Coyne, na época diretor do Observatório Astronômico do Vaticano. Mas chamou mesmo a atenção quando, em 18 de janeiro de 1997, a revista oficial da CBI publicou uma entrevista com padre Piero Coda, um dos mais importantes teólogos da Igreja, que afirmou: “Criados por Deus e tendo suas falhas, eles [os extraterrestres] precisam de redenção através da palavra salvadora de Jesus Cristo”. Meses antes dessa entrevista, outros teólogos da Santa Sé declararam ao respeitado jornal Corriere della Sera que os ETs também devem ser considerados filhos de Deus. No mesmo ano, o Vaticano iniciou a construção de um dos mais poderosos observatórios da Terra, para ajudar na pesquisa de sistemas estelares que possam ter planetas capazes de abrigar vida.

O saudoso papa João Paulo II pediu a um grupo de astrônomos de alto nível para procederem à busca pelo que foi chamado de “a impressão digital de Deus”. Esta foi a denominação que a Igreja Católica encontrou para os fenômenos celestes, que, por sua complexidade e sutileza, reforçariam a onipotência de Deus. Para tanto, os pesquisadores montaram no Monte Graham, no Arizona, um rádio-observatório astronômico composto de dois telescópios para pesquisa de nuvens de poeira cósmica e gás, que podem formar sistemas planetários. O instrumento é capaz de identificar estrelas e planetas em que haja condições favoráveis ao desenvolvimento de vida. As pesquisas no observatório envolvem um pequeno grupo de cientistas, mas poderá dobrar em pouco tempo, de acordo com a entrada em operação dos equipamentos. Os jesuítas convenceram o papa a ajudar no financiamento do projeto, defendendo que o observatório papal – estabelecido no último século – caiu em desuso por causa da poluição atmosférica. Esta guinada científica na religião não é por acaso.

Com um estudo astronômico apurado e poderoso, o Vaticano vê no projeto a possibilidade de evitar erros, como os que levaram os estudiosos a confrontos históricos entre as posições religiosas e científicas. As batalhas do passado culminaram com a perseguição a astrônomos famosos, como Nicolau Copérnico e Galileu Galilei, que defenderam teorias contrárias à tese de que a Terra era o centro do universo, como pregava a Igreja. Para justificar a iniciativa e delinear as tendências teológicas da empreitada, o padre Coyne, então diretor do Observatório do Vaticano, disse que “a encarnação de Cristo se aplica a toda atividade humana, incluindo a astronomia”. O projeto já começa a prever até mesmo reações possíveis diante de temas delicados para a Igreja Católica, como a descoberta de formas de vida extraterrestres, sobretudo no caso de serem inteligentes. Haveria problemas para decidir se a crucificação de Jesus Cristo significaria também a remissão dos pecados para os alienígenas. O padre Christopher Corbally, jesuíta inglês vice-diretor no Observatório, diz que “se as civilizações fossem descobertas em outros planetas, e se for possível nos comunicarmos, então nós iríamos querer enviar missionários para salvá-los, da mesma maneira como fizemos no passado quando novas terras foram descobertas”. A busca de uma sintonia maior do cristianismo com a ciência parte de um estudo teórico dos astrônomos do papa, que deu origem à teologia especulativa, que permite à Igreja ter grande flexibilidade na maneira como responde a novas descobertas. Há uma grande preocupação com teorias recentes de que o universo não tem fim nem começo, o que eliminaria a necessidade de um deus criador de tudo. Sob a ótica da teologia especulativa, fenômenos recém-descobertos são como “impressões digitais de Deus”, que em sua complexidade e sutileza reforçam sua onipotência e não enfraquecem a fé numa força maior.

Em 2001, o então diretor do Observatório Vaticano, George Coyne, disse estar convencido da existência de vida extraterrestre e garantiu que é “uma loucura” pensar que o homem possa estar só no cosmos. “O universo é tão grande que seria insano pensar que nós somos uma exceção”, afirmou Coyne em entrevista ao jornal milanês Corrieri della Sera. Ele destacou que “a cada dia são acumulados novos dados que fazem pensar na possibilidade de formas de vida diferentes das existentes na Terra”. Ainda acrescentou que, “quanto mais estudamos os astros, mais conscientes ficamos de nossa ignorância”. O jesuíta, ex-responsável desde 1978 por um observatório com mais de um século de história, e que depende diretamente da Santa Sé, afirmou que a ciência não destrói a fé, mas a estimula.

Monsenhor Balducci, ajudando a abrir as portas dos UFOs para Igreja


Repensando dogmas - Embora admita que hoje em dia não exista evidência científica que prove a existência de vida fora da Terra, Coyne é consciente que esta eventualidade abre para os que acreditam nisso “uma inquietante série de incógnitas e um grande desafio”, mas que isso não deve ser considerado um fato dramático. Nesse sentido, o astrônomo declarou que alguns setores da Igreja consideram negativo debater ou estudar questões que podem fazer a doutrina católica “tremer um pouco”. No entanto, insistiu em que não existe obrigatoriamente uma contraposição das versões sobre a origem do cosmos que a Bíblia oferece com as mais atuais defendidas pela ciência, como a Teoria do Big Bang. Segundo Coyne, nem as sagradas escrituras, nem a teologia se aprofundam em como Deus criou o universo, mas compete aos cientistas e à sua insaciável curiosidade responder às muitas incógnitas que ainda não foram resolvidas, entre elas a possibilidade de formas de vida extraterrestre.

Monsenhor Conrado Balducci, que já foi considerado exorcista oficial do Vaticano e era pessoa do círculo de intimidade do papa João Paulo II, admitiu em um simpósio de Ufologia em San Marino que "é real a possibilidade de que outras criaturas inteligentes vivam no espaço [Veja Revista UFO 067]", causando grande agitação no meio ufológico e na ala mais conservadora da Igreja. Segundo o monsenhor, a existência de discos voadores seria um sinal inequívoco da graça de Deus. E acrescentou: “A Bíblia não se refere diretamente aos extraterrestres, mas também não os exclui. A realidade dos UFOs é muito provável no infinito mistério da criação”. Balducci escancarou um tema que sempre foi mantido a sete chaves por governantes e pelo próprio Vaticano.
Ele vai mais longe quando afirma que “a Bíblia não exclui a possibilidade de existência de outros planetas com seres inteligentes e voluntariosos de corpo e alma. Uma posição de ceticismo integral está fora de jogo. A religião cristã também se baseia em testemunhos”. Para ele, a existência de outros seres vivos é possível e natural também do ponto de vista teológico definido como Bonun Est Diffusium Suis. Trata-se de um conceito largamente repetido no livro sagrado, de que a criação é a glória divina. “E criaturas dotadas de inteligência e vontade, ainda que alienígenas, podem contribuir difundindo isso”.

O religioso defende também que é difícil pensar que a criação pela vontade de Deus tenha se limitado à Terra. Por isso, garante que a habitabilidade de outros planetas pode ser também um fato. “Em um futuro remoto, poderiam também servir de ajuda em nosso caminho espiritual. Queriam que não houvesse outras criaturas que amam o Senhor? Certamente Ele não teria restringido sua glória a este planeta”, disse. Ainda segundo o monsenhor, entre algumas questões que precisam ser entendidas sobre seres extraterrestres, primeiro, não se tratam de demônios. Segundo, os casos relacionados a UFOs não são apenas situações psicológicas corriqueiras. Terceiro, os tripulantes destes veículos não estão ligados a casos de possessões.

Autor: Fábio Santos
Fonte: Revista UFO 143
Crédito da foto: Arquivo UFO



Postado por Denilson Pereira

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